2003-10-17

A natureza é algo maravilhoso. Não acredito no milagre de Fátima. Por falar nisso, nem em Cristo ou Deus. Menos ainda na Igreja. Mas acredito na natureza. Ela ensina-nos algo de essencial. Basta observar-la. Há apenas uma semana, um pedaço de terra que piso todos os dias estava árido desde Julho. Dois dias de chuva bastou para aparecer vida, que esteve latente esse tempo, há espera das condições ideias. Este é o meu Deus. Este é o meu “milagre”, todos os anos me espanta.

Por falar nisto, considero-me Católico “praticante” (?!??!!). Por acaso não acredito nos “não praticantes”, pois a prática não deve ser confundida com ir à missa, mas a de seguir os princípios do Catolicismo. Para mim, ir ou não à Igreja nada significa. É um espaço fechado, com um pé direito alto, que reúne santos, imagens, uma cruz, entre outras coisas, como os bancos corridos e a sensação de ver ao nosso lado aquela pessoa que sabemos corrupto, ou que fala mal da vizinha ou simplesmente sobrevivente neste mundo banal. É também a representação da última ceia, é o palco do perdão, da purga e por vezes das vaidades, do ouro à vista, da roupa bonita. É o parecer antes do ser. Estou, claro, a generalizar.

Ser Católico é ser fiel aos princípios da liberdade, da ajuda, da participação construtiva na sociedade (ou pelo menos na comunidade).

Procuro ser tudo isto, na medida do possível, pois não sou perfeito (muito longe disso)... e tudo sem acreditar em Deus, nem um bocadinho... Tudo isto sem ter a menor fé.

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