11 de Março, Madrid... podia ter sido em qualquer outra data e local
(Publicado no Jornal do Algarve a 25 de Março)
O terrorismo está a tornar-se num dos grandes flagelos deste século (se não o maior), que se arrisca a ficar conhecido por este motivo.
Não querendo acreditar que Portugal possa sofrer um destes ataques selvagens, é no entanto uma hipótese a considerar. Reflectia no outro dia sobre este assunto e não deixava de pensar que um estádio cheio é um dos melhores alvos para um atentado: milhares de potenciais alvos a assistir a um jogo entre equipas que, podemos dizer, representam países. O EURO é dos eventos com a possibilidade de matar mais pessoas, com menos recursos, talvez mais que no Rock in Rio, devido à geografia própria do espaço. Sem esquecer o 13 de Maio, que seria uma estucada naqueles que os fundamentalistas islâmicos consideram infiéis.
No nosso pobre espectro político já existem partidos a atacar o governo porque (dizem) mantêm forças que oprimem a democracia daquela região árabe. Na minha opinião, retirar a Guarda Nacional Republicana do Iraque, assim como Espanha retirar as suas tropas, são retrocessos no processo de pacificação daquele país. Pior, trata-se de uma brutal cedência e com terroristas, as cedências significam alimentar a sua estratégia de violência e terror. É dar-lhes motivo e razão para continuar! É justificar que aquelas acções produzem resultados!
O nosso país tem uma pequena comunidade árabe enquadrada, assumida e perfeitamente integrada. Esta comunidade é a primeira a recear um cenário de atentados no nosso território, acreditando que seriam, no limite, os maiores prejudicados. Mas isso não é motivo para baixar a guarda, antes pelo contrário.
No entanto, dispomos de informações que apontam para a possibilidade de um atentado no EURO 2004. Irreal ou provável, estão a ser tomadas medidas institucionais para reforçar uma equipa multidisciplinar que recolhe, analisa informações e actua sobre este tipo de problemas. O governo está de prevenção, a presidência da república em alerta, e a oposição expectante. Portugal está na ponta dos pés, aguardando o desenvolver dos acontecimentos.
Mas como pode um país democrático lutar contra estes grupos terroristas, que não respeitam as mais elementares regras de conduta? Dificilmente... Não são soldados, são criminosos... dos mais perigosos. Esta ameaça vem alastrando, talvez pela grande cobertura que a comunicação social lhes dá e pelo espírito verdadeiramente fundamentalista e crente que estas pessoas têm. Morrer para eles significa, sem qualquer dúvida, subir aos céus e serem recompensados. Como combater esta fé?
Outro problema está relacionado com o estágio da evolução daquela sociedade, considerada por alguns medieval; e nós não nos podemos esquecer que tivemos a inquisição... entre outros abusos legitimados pela religião.
Assim, penso que devemos todos reflectir sobre os atentados, não como espectáculo televisivo, mas como o epíteto de uma nova era; se o 11 de Setembro simboliza o fim da tranquilidade dos governos ocidentais, com o 11 de Março a ameaça ficou definitivamente no ar. Devem por isso os governos interpretar os acontecimentos, saber actuar neste novo xadrez da política internacional e pensar que aqueles que financiam hoje, podem ser os adversários de amanhã. As grandes potências tiveram essa lição. Resta saber se aprenderam com ela...
2004-03-29
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