2004-06-10

Europa

Publicado no Jornal do Algarve

As eleições europeias estão aí. Os vários partidos tentam mostrar-se interessados por este processo. Mas dificilmente nos convencem disso...

Estou a tentar absorver as várias mensagens políticas sobre a Europa, sobre as promessas que assumem, os compromissos, o posicionamento face ao reequilíbrio de forças na nova Europa alargada... e nada. Ultimamente apenas se reconhecem mensagens e retórica sobre a governação, sobre o deficit e sobre as reformas do governo. Embora Europa também seja isso, penso que dificilmente ficaremos esclarecidos. Sabe-me a pouco.

No entanto, ficamos a saber que Portugal vai mal e que em 2 anos de governação um executivo conseguiu infligir tremendos estragos. Eu fico na dúvida: como é que os impactes de políticas estruturais são sentidas logo a meio de um mandato... “esclarecem-nos” ainda que o estado a que as nossas finanças chegaram deve-se às acções imediatas de um governo... [ou pode ter origem no passado, especulo eu...] mas isso é pouco importante; pelo menos para alguns partidos. Falar é fácil!
Quando se fala em política, i.e., em políticos, o cidadão fica logo apreensivo. Como todos podemos constatar, esta campanha eleitoral está a contribuir para o aumento do descrédito actual desta nobre missão (não sei se repararam que escrevi missão... por oposição a carreira!).
As ideias pouco claras sobre a Europa, assim como a palavra fácil e as campanhas centradas na promoção de pessoas, em vez de propostas políticas, está, na minha opinião, a servir o maior “partido” do nosso espectro eleitoral: a Abstenção.
Numa campanha onde se ridiculariza aspectos físicos de um candidato, ou o desporto de eleição de outro, para não falar na linguagem popularucha empregada para classificar pessoas, reflecte o estado a que chegamos... Abriram-se as hostilidades...
O acto de ir votar está demasiadamente condicionado pelo histórico eleitoral de cada pessoa. Votar num partido devia ser, antes de mais, votar num Programa, na filosofia que lhe está subjacente, fazendo prever as acções concretas. Mas será que na prática assim é?
Era interessante, como exercício intelectual, perguntar à “boca da urna”, a uma amostra da população, em que partidos votaram e porquê. Votaram por concordar com o programa eleitoral, ou simplesmente porque gostaram mais da campanha, ou menos do governo, ou mais dos candidatos, ou menos dos outros candidatos, ou mais das cores de uns, ou menos do cinzentismo de outros... por aí fora!
O fundamental das políticas de base entre os vários partidos está, exactamente, entre o bloco PS/ PSD e o outro Bloco. Entre aqueles que em alternância fizeram a ponte e prepararam a entrada na Comunidade e os outros, que fazem política da critica, da retórica e da demagogia, talvez pela ausência de esperança de alguma vez conseguirem ser executantes [uff].
Tive alguma preocupação em ir aos Sites dos vários partidos para perceber, efectivamente, quais as suas propostas concretas, fora das balelas e bocas que constituem as campanhas. Encontrei lá muita baboseira, mas também estratégias e compromissos de posicionamento. Aconselho vivamente que passe por lá.
Votar é um dever mas, também, um direito. Vá votar... quando estiver com o boletim aberto na sua frente, pense no motivo mais forte que o leva a colocar a cruz num dos quadrados, o que influenciou esse acto, pense... e depois vote.

Sem comentários: