2005-04-29

NOVO EDIFÍCIO DOS SERVIÇOS MUNICIPAIS (LAGOS)


Segundo o executivo municipal, o edifício a construir (e instalar os serviços municipais) deve ter como referência uma percepção de modernidade e evolução; como imagem, pretendem que se demarque dos existentes na zona (da Fábrica CAFI).

Na esperança que a “modernidade e evolução” fique no interior do edifício e que o seu exterior seja inspirado na traça arquitectónica predominante na cidade, não posso deixar de comentar esta comunicação autárquica.

A minha grande preocupação com Lagos reside na progressiva redução da sua história… o património que “sobrou” do terramoto de 1755 deve ser acarinhado pelas entidades públicas e aquele que foi construído depois dessa data, mas que confere a traça distintiva ao centro histórico, e não só, também deve ser homenageado, servindo de inspiração para esta grande obra municipal.

Até os grandes do marketing, como a Sonae e a MDC, com o Algarve Shopping e Fórum Algarve, respectivamente, marcadamente orientados para a promoção do consumo, através da idealização de um espaço que capte, cative e interaja com os utilizadores, foram buscar a sua inspiração, no caso do Fórum, à Sé, ao Arco da Vila e a tantas outras referências patrimoniais de Faro. Já o Algarve Shopping apoiou o seu conceito nas habitações tradicionais rurais do Algarve e também do litoral, com as cores vivas, as formas características e as inúmeras sensações que podem provocar. Assim, quem melhor que um executivo municipal para não se esquecer do âmago da sua cidade.

Este novo edifício não deve, na minha opinião, seguir o que foi feito em Albufeira e Aljezur, apenas a título de exemplo. Autenticas “naves espaciais”, que em vez de imprimir um cunho de visionismo e modernidade, são hoje reflexo de uma fase pouco iluminada e demasiado deslocada do que deve ser um edifício municipal, pelo menos em concelhos com história e património construído que lhe sirva de referência.

Lanço um desafio ao executivo: não esqueçam aquilo que distingue Lagos. Já que construíram um logótipo que comunica os Descobrimentos, o papel que esta cidade desempenhou nos idos de quinhentos, não esqueçam de manter agora essa coerência.

Por fora está tudo dito. Por dentro, que seja o mais ergonómico possível, que facilite aqueles que se desloquem lá (onde se incluem, claro está, aqueles com necessidades especiais de locomoção) e os que lá trabalham. Estes vão sair de um buraco. Por isso, espero que sejam compensados dos anos que estiveram “enterrados” (para não dizer soterrados)…

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