2005-10-14

Escrito enquanto esperava que chegasse a minha vez na DGV! Não chegou! Se calhar por isso está um pouco azedo…

Depois de uma troca de comentários e mails com o meu companheiro FV, ficando mais ou menos arrumado um dos assuntos, apetece-me continuar a reflexão sobre a necessidade dos partidos constituírem gabinetes de estudos.

Estes gabinetes, como agora existem, concordo que não servem os partidos. Pessoalmente tenho uma concepção do que estes espaços deveriam ser. Estas estruturas deveriam servir dois objectivos concomitantes. Por um lado, serem integrados por pessoas com perfis técnicos, científicos, interventores variados na vida associativa, empresarial, pública, enfim, representantes da sociedade. Pessoas, por isso, com experiência, com ideias e abertas, capazes de debater documentos, projectos e gerar massa crítica. Juntamente com estas, deveriam ser escolhidos alguns jovens, de preferência fora das jotas. Jovens que quisessem aprender e crescer. Refiro-me principalmente a estudantes na casa dos “vinte”. Os próximos quadros políticos. No fundo, uma escola, uma míni-academia. As jotas não estão preparadas psicologicamente para formar pessoas, pois habituaram-se a formar grupos. Com isto não digo que não podem desempenhar um papel importante na vida dos partidos (e na sociedade em geral), apenas que não o fazem por regra. Falta de paixão, de experiência mas, acima de tudo, de oportunidade. Que também não sabem ou não querem criar.

Quando me refiro aos gabinetes de estudo, não me contenho à habitual imagem, mais ou menos institucionalizada. Refiro-me a um espaço dinâmico e mais aberto, também para aqueles que não querem fazer parte dos órgãos eleitos, i.e., dos jogos de poder, de bastidores, enfim, da perversão senatorial a que estamos acostumados. Sim, porque mesmo em estruturas estatutariamente democráticas como são os partidos, todos sabemos que está confinada aos grupos. Controlados pelos chefes de militantes, barões, caciques e caixas-de-ressonância.

O afastamento que a população manifesta pela política (e especialmente pelos políticos), está muito relacionado com os períodos de crise, de ineficiência, mas também da abertura da sociedade, dos discursos alinhados, das promessas mal (ou não) cumpridas, da distância de casa ao emprego, do carro do vizinho, do chefe... São muitos factores.

Nos partidos, poucas são as alternativas para quem apenas quer trabalhar (e também discutir, partilhar, criticar… pensar!). Quando se acerta no “cavalo”, está-se na corrida, quando se falha, entra-se no deserto…

Naturalmente que para os caciques dos partidos (realidade local, regional e nacional, embora muito mais local), as pessoas novas são uma ameaça ao seu próprio espaço. À dinâmica que levaram tanto tempo a criar. O mais frustrante disto é que depois usam os partidos como clubes recreativos, ou seja, não desenvolvem trabalho político continuado e consistente. Enfim, têm o bar, as mesas para umas cartadas e aquelas reuniões semanais que os tiram da novela a que são obrigados a engolir todos os dias. E nós a levar com “estes” políticos.

Mas existem pelo meio bons políticos. Pessoas que já conseguiram demonstrar que fazem falta. Até para credibilizar as listas (internas e externas). Esses são a reserva.

Lanço aqui o meu apelo a todos os que enfiaram a carapuça (esses provavelmente não chegaram a este ponto do texto, pois deram um grande bocejo e foram para outro lado (aqui, talvez!): voltem para a novela, quando se sentirem com muita vontade de jogar às cartas, inscrevam-se num clube mais perto de casa!

Isto é um pouco amargo, bem sei, mas que raio, já começa a fartar!

Comentários aqui em baixo que este blog aceita todo o tipo de opiniões. E sem censura (até porque não sei como se retiram comentários… mas enfim, o que conta é a atitude!)

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