2006-02-13



Assisti ontem, no “Diga Lá Excelência” (n’a 2:), à entrevista de Jerónimo de Sousa. (Não acompanhei desde o início mas) achei-o muito bem. Lá para o fim, um dos entrevistadores questiona-o sobre Cuba. Designadamente sobre a censura, as prisões políticas. Depois, sobre o regime de partido único “pouco” democrático (algo deste género). Notei um desconforto inicial. Mas em ambas situações, Jerónimo foi claro. A culpa é do vizinho imperialista! A culpa é do embargo americano! Nunca admitindo o regime supressor das liberdades e garantias daquele povo. Não conseguiu, por isso, chamar-lhe ditadura (do proletariado, entenda-se a “diferença”). Mas disse que estava com o povo cubano contra a postura dos americanos. Um povo que tem aguentado a sua soberania, sem entregar a bandeira e a pátria aos interesses dos EUA… poderia acrescentar, um povo que aguarda há décadas pela sua liberdade! Mas não acrescentou!

O Secretário-geral do PCP mostrou ainda que não manda nada no partido, ao referir muito timidamente os dados do recrutamento de militantes. Não sabia se o poderia fazer! Mas que Secretário-geral não tem autonomia para referir dados desta natureza? Serão vitais para a “segurança” do partido? Mas enfim, cada um sabe de cada qual. Não o critico por isso. A serem verdadeiros, e acredito que são, mostra que mantêm uma grande capacidade de atracção de quadros. Inveja para os partidos ditos de poder…

Mas critico-o por referir que Cuba tem um processo revolucionário em curso (há quantas décadas senhor secretário-geral?), mas que se o embargo fosse levantado, ocorreria alguma mudança… Está visto que os melhores amigos de Fidel Castro são mesmo os líderes americanos, Republicanos e Democratas, que têm mantido aquele país “sequestrado” por uma corja de funcionários político-partidários e militares, que de comunistas só têm o cartão.

Em que é que ficamos? Cuba é ou não uma ditadura? Esta é a pergunta que deixo…

Os tiques da ortodoxia do partido comunista e do seu líder ficaram bem evidentes (se dúvidas houvesse). Mas os entrevistadores fizeram um trabalho incompleto. Não quiseram incomodar demais o senhor. Deixaram-no “escapar”.

Não sou dos que critica os comunistas (socialistas puros) enquanto tal. Trata-se de uma opção ideológica respeitável que, desde que seguida no quotidiano, é irrepreensível.

Lembro-me daqueles católicos que vão semanalmente ao confessionário pedir a remissão dos seus pecados! E que tal não os cometerem!!! O mesmo se aplica aos comunistas. Neste ponto, Jerónimo é irrepreensível, leva uma vida sem luxos, adequada, portanto. Veja-se outros, como o líder do “outro” partido comunista (MRPP), que leva a vida burguesa que a sua profissão amplamente “publicitada” lhe permite…

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