2006-11-04

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Publicado no Magazine do Algarve

A Sociedade do Conhecimento, enquanto promessa política, fica sempre bem. É de facto um objectivo imprescindível e essencial a uma sociedade que se quer moderna e dinâmica. Até evoluída.

A forma como se procura atingir esse “estado d’alma” é que denota se o esforço é retórico, ou, ao invés disso, um propósito, um desígnio, uma missão.

A competitividade já não se faz à custa de trabalho indiferenciado, mal pago, máquinas ultrapassadas, métodos e técnicas decadentes ou até com empresários pouco preparados para lidar com o dinamismo próprio de um mercado tendencialmente global.

Os recursos humanos devem ser cada vez mais diferenciados, com formação específica e contínua. Este esforço não deve ser apenas das empresas ou dos empresários. Também os trabalhadores devem participar desse esforço de forma pró-activa, procurar a formação. Mesmo que não lhe seja fornecida, ela pode ser adquirida no “mercado”, seja co-financiada ou não.

A velha questão, de base ideológica, relativa à preponderância da concorrência do trabalho e do capital na obtenção do produto é cada vez mais indiferente. Ambos se complementam e, acima de tudo, contribuem para os objectivos que são comuns e dependentes. Existe ainda uma classe de empresários e de trabalhadores que, por falta de formação, de visão ou de habituação, ainda não chegaram à conclusão que o seu emprego e actividade só são sustentáveis se estiverem em sintonia e se trabalharem no mesmo sentido. Só com o desenvolvimento das condições de trabalho, da qualificação e da indexação da remuneração à produtividade é possível sustentar o desenvolvimento.

Os milhões que têm sido, na minha opinião, esbanjados pelos sindicatos, associações patronais e empresariais ou de sector, empresas privadas e entidades públicas, semi-públicas, sociais e todas as outras que têm subsistido às custas dos fundos para formação profissional, vindos da União Europeia, poderiam ter sido melhor geridos. Não digo com isto que não hajam entidades e formadores de excelência. Mas uma parte está desadequada. O investimento que tem sido feito, provavelmente poderia ter trazido mais vantagens no tecido produtivo, se melhor aplicado. A formação foi massificada, mas agora que o fluxo financeiro começou a ser reduzido, é necessário apostar na qualidade e na avaliação dos resultados. Avaliação isenta e independente.

A caixa de ferramentas mais importante que qualquer cidadão tem é a sua capacidade de querer e saber aprender. Aprender é um “subproduto” importante, mas a tónica deve ser colocada na vontade de querer mudar comportamentos, atitudes e rotinas, traduzindo em produtividade o esforço que a comunidade tem feito, ao financiar a formação de milhares ou milhões de pessoas.

É razoável, por exemplo, o País apresentar ainda classes profissionais, com formação altamente diferenciada, como médicos, advogados, até professores, que apresentam alguma iliteracia informática, ou relutância na massificação do seu uso? Não me parece!

Mas, em bom rigor, se compararmos a nossa realidade actual com aquela de há vinte anos, verificamos que a evolução foi brutal. Resta-nos continuar e tentar acompanhar as evoluções dos Países com que partilhamos mercado, projectos e objectivos.

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