2006-12-09

Plágios, blogues ou quando a opinião se torna um facto
Publicado na edição "10 Anos" da Magazine do Algarve

Uma possível definição para plágio é: “cópia fraudulenta do trabalho de outrem que um autor apresenta como sua”, segundo o dicionário on-line da Priberan.

Plagiar é um acto reprovável, até imoral. Não faz qualquer sentido criar uma obra literária desta forma. As acusações de que Miguel Sousa Tavares plagiou algumas páginas do seu último livro são inverosímeis! Alguém que utiliza informações sobre pessoas que existiram na época da trama de um romance não é um plagiador. Plagiar seria copiar características de personagens fictícias, não de personalidades históricas.

A putativa origem dessas informações foi “Freedom at Midnight”, uma obra que descreve o final da Índia Britânica, escrito por Dominique Lapierre e Larry Collins. A “notícia” de plágio foi catapultada da “blogosfera” para alguma comunicação social e destes para as conversas de café. Tornou-se um embaraço para Sousa Tavares. É uma acusação gravíssima. Mas quem se der ao trabalho de ler a “bibliografia de consulta do autor”, página 526 da 8.ª edição, encontra referência ao livro de Lapierre e Collins.

Já discordei de análises e opiniões de Miguel Sousa Tavares, mas como autor, classifico-o como um dos “nossos” melhores. A opinião, obviamente, é pessoal.

Se por um lado os blogues ganharam um espaço incontornável no debate de ideias e até na formação de opinião, também pode ser um veículo fácil para exteriorizar alguma inveja. Pior: exteriorizá-la anonimamente. Estou convencido que foi o caso: um best-seller como Equador, assim como a actividade profissional do seu autor e muitas das suas opiniões, têm causado fortes dores de cabeça e de cotovelo. E as segundas doem mais que as primeiras.

Mas vamos ao essencial. Os blogues, a Wikipedia e tantas outras “fontes” que os motores de busca tornam acessíveis, são construídos de acordo com as influências, ideologias, interesses, orientações e opiniões de quem as escreve. Não é redutor. A informação está lá. Convém ser comparada, depois, com outras referências.

Porque motivo surgiu, agora, esta calúnia? Quem tiver oportunidade de ler os textos originais e comparar, vê que a montanha pariu um rato. Afinal, foi mais o fumo do que o fogo. Mas, entretanto, alguém ficou prejudicado. Por sinal o autor, já que o “acusador” decidiu esconder-se no manto do anonimato. Porque razão não assumiu a acusação?

Acabei de tentar aceder ao blogue que acusou Miguel Sousa Tavares. Estava indisponível. Porque será?

O Equador já vendeu cerca de 270 mil exemplares (27 edições de 10.000 exemplares). Parabéns! É merecido. Considero dos melhores romances que li. Que continue a vender como até hoje. Venha o próximo livro!

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