2007-01-24

Tem uma moedinha!?!
Publicado no Jornal do Algarve

As cidades têm normalmente necessidades de estacionamento. Umas mais, umas muito mais. Por falta de planeamento, de visão integrada e estratégica, de uma política urbanística, enfim, por tantos motivos e mais uns quantos, as cidades foram crescendo, mais intensamente ao longo dos últimos 40 anos, sem que se fossem criando estacionamentos, vias de comunicação com dimensões razoáveis, etc. Piora nos centros históricos, onde tal não é muitas vezes viável, pelo menos sem destruir parte do património construído que os distingue e valoriza.

A colocação de parquímetros permite regular o “mercado”. Sabendo que a oferta de espaços de estacionamento é inferior à procura, especialmente a procura por períodos de curta duração e em certos horários, considero uma forma eficiente de colmatar o problema e promover alguma rotação nos espaços. Devem existir no entanto, tanto quanto possível, alternativas com uma distância aceitável, quer para os residentes, quer para os que trabalham nas zonas adstritas aos parquímetros, que necessitam deixar o carro por períodos de tempo mais prolongados e com regularidade.

O Município de Faro aumentou recentemente a “cobertura” de parquímetros na zona central e comercial da cidade – e bem, entenda-se –. Não disponho de dados objectivos para perceber se esta acção trouxe externalidades positivas ao comércio local, que deveria ser uma das preocupações e até uma das justificações mais fortes para esta política, mas julgo que pelo menos teve a vantagem de facilitar um pouco o estacionamento para quem pretende apenas tratar de um assunto ou fazer uma compra rápida.

Uma putativa externalidade positiva seria a redução ou “extinção” dos arrumadores. Ainda não foi desta que foram destituídos das suas “funções”. Esta verdadeira praga urbana dos tempos modernos, que baseia o seu rendimento na ameaça latente do carro aparecer riscado ou danificado de qualquer outra forma, continuam a desenvolver impunemente a sua “actividade”. Diga-se que o tal rendimento é “livre” de impostos (!?!) e tantas vezes serve para financiar o consumo de estupefacientes! É certo que desaparecem quando os fiscais ou a polícia estão no terreno, mas logo retornam às suas “concessões”. Mesmo quando existem parquímetros, lá estão eles... Um dos locais onde esta situação ocorre, que considero mais escandaloso, é nas imediações do Hospital Distrital de Faro.

Será que ninguém com responsabilidades, designadamente na segurança pública, governo civil ou no município, quer tomar alguma iniciativa no sentido de terminar com esta prática, que em poucos anos alastrou pela baixa e dá uma péssima imagem da capital do distrito?

Outra situação que me surpreendeu negativamente foi quando estacionei o carro, num Sábado de manhã, para tratar de um assunto a escassos 100 metros, prevendo demorar 5 ou 10 minutos (demorei menos!) e fui obrigado a “comprar” 30 minutos de tempo, pois existe um tempo mínimo a cumprir. Mas enfim, pelo menos consegui estacionar, embora não consiga deixar de pensar que é quase um roubo…

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