Verão que vale a pena
Publicado no Magazine do Algarve
Na época balnear, que alternativa apresenta o Algarve, para quem não quer exclusivamente praia e mar?
Esta pergunta é feita por muitos dos turistas que elegem o Algarve como destino de férias, ou para “escapadihas” de fim-de-semana.
Não podemos comparar o património arquitectónico algarvio com, por exemplo, o minhoto. Os efeitos do terramoto (e subsequente maremoto) de 1755 devastaram muitas construções, especialmente dos séculos XVI e XVII, onde se destacam edifícios habitacionais da pequena nobreza e da burguesia mercantil.
Existe todavia, ainda assim, locais para visitar, com interesse paisagista, arqueológico ou arquitectónico, que permitem interlúdios à monocórdica praia! De seguida, deixo algumas dicas de visitas, nas localidades mais turísticas da região.
Faro tem cada vez mais visitantes. A Vila Adentro é incontornável. Cercada por muralhas de origem árabe, com as adaptações, construções e reconstruções do período posterior à reconquista. Ali por perto, a Cerca Seiscentista, embora já quase encoberta por construções posteriores. Outro local a visitar: a atalaia de vigia de costa, que foi reconvertida na Ermida de Santo António do Alto. Estes são apenas alguns dos pontos de interesse, para além de muitos imóveis habitacionais, com predominância para os Oitocentistas, nas principais artérias da baixa comercial.
O Concelho de Albufeira apresenta, desde logo, o Castelo de Paderne (presente na Bandeira Nacional), embora decadente devido à falta de manutenção ao longo de séculos, provocando a erosão da taipa que o sustenta, não deixa de ser um local a visitar. Ali perto existe uma ponte que lhe servia de serventia, recentemente recuperada. Do outro lado, percursos pedestres e uma azenha e açude, na margem da Ribeira de Quarteira. Neste conselho também existe um ponto que recomendo: a Torre da Medronheira, inserida numa das zonas mais turísticas da cidade, servia de torre de vigia e foi construída durante o reinado de D. João III (séc. XVI).
O maior concelho algarvio, Loulé, tem muito património, natural e construído. Destaco a aldeia de Alte e de Salir. Nesta última, as ruínas do Castelo de Salir, de origem muçulmana. As pitorescas casas (ou palheiros) circulares na Freguesia do Ameixial ou um passeio pelas ruas de Querença. Não deixe de visitar as ruelas velhas de Loulé e o Castelo (séc. XIII) que o município está a tornar mais visível, adquirindo imóveis contíguos, para descobrir mais panos de muralha.
Em Portimão encontramos a Fortaleza de Santa Catarina (séc. XVII). Este espaço, que possui um miradouro sobre Rio Arade e a Praia da Rocha, convida a momentos de descontracção… do outro lado da margem, avista-se a Fortaleza e o Castelo de São João do Arade (séc. XV), no concelho de Lagoa.
Para terminar: a cidade dos Descobrimentos. Lagos tem, para além de inúmeras praias, uma história intimamente ligada ao apogeu marítimo português.
Começamos nas muralhas, frente ao Forte da Ponta da Bandeira, passando pelo Castelo, que foi, até ao séc. XVIII, a residência dos Governadores do Reino do Algarve, com o pormenor de uma janela Manuelina onde, segundo as lendas populares, o Rei D. Sebastião rezou antes da partida para Alcácer Quibir. Ali por perto, o armazém do Espingardeiro (séc. XVII), construído a mando do Conde de Avintes, enquanto Governador do Reino do Algarve. Mais em baixo, o Armazém Regimental, também obra do Conde de Avintes (que funciona actualmente como galeria de arte), integrou na sua reconstrução, cantarias e outros elementos de edifícios devastados, no seguimento do terramoto de 1755. Bem perto encontramos o Mercado dos Escravos, edifício do séc. XV, o primeiro do género na Europa, para onde eram trazidos e vendidos os escravos oriundos de Africa…
Estas são apenas algumas sugestões. Uma ínfima parte do vasto património que aguarda pela descoberta e que importa cada vez mais potenciar, organizar e dar visibilidade. Acima de tudo, a região vive do turismo. Há que encontrar todos os nichos possíveis e dinamizá-los. Só assim podemos ser um destino completo e versátil.
2006-08-08
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