2004-12-15

Os partidos que experimentam o poder desenvolvem um conjunto de necessidades que os vão descaracterizando. Enviaram-me, há uns dias, um texto de um blogue que referia qualquer coisa como - os políticos não têm que ser, têm que conseguir ser... claro que isto leva-nos a questionar o benefício da democracia participativa, da possibilidade de eleger pessoas em detrimento de outras, que normalmente obriga ao exílio das “outras”. Defendo, naturalmente, o benefício da garantia de elegibilidade universal, mas estou farto dos partidos simplesmente servirem de palco para alguns. Não quero dizer com isto que não seja desenvolvido trabalho, mas nota-se que, para além das lutas políticas externas, existem as internas, palacianas e que servem para muito pouco, a não ser afastar aqueles que deveriam estar sempre em jogo. Reconheço que os partidos não são clubes de amizade, mas as ambições pessoais ainda devem vir depois dos objectivos, que devem ser orientados para as pessoas.

A capacidade de perceber quem deve aparecer, e quem deve trabalhar em silêncio, preparando e alimentando com informação de qualidade os líderes, é fundamental.

Mas isso é muito difícil e até estranho para muitos, pelo menos é a minha experiência.

Já agora, não estou a tentar enviar bocas a ninguém em especial. Quando o quiser fazer digo os nomes. Apenas quero retratar a nossa realidade político-partidária.

Posto isto, e agora sim, falando do meu Pê Ésse Dê, estou sempre (há anos) à espera dos Gabinetes de Estudos funcionarem, de aparecerem Gabinetes de Formação e, fundamentalmente, Gabinetes de Comunicação (estes o PR não veta). Existem certamente quadros técnicos qualificados para este trabalho (não remunerado, directa ou indirectamente, como por vezes é costume). Pessoas que apenas querem contribuir, sem se submeterem às negociações e troca de influências para irem em listas por motivos por vezes pouco nobres e numa óptica de Associação Recreativa.

O Prof. Cavaco Silva tem razão. É necessário melhorar a classe política. Que tal começar na base da pirâmide?

É claro que esta entrada é para algumas pessoas que quiserem (realmente) entender isto, admito, mas também é um desabafo face a um "burburinho" e "apontar de dedo" quando se defende algo em que se acredita, como aconteceu ontem, sem querer com isso fechar portas neste momento fundamental.

Vamos lá ver... aguarda-se o desenvolvimento dos próximos capítulos.

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