2005-02-26

Igual a si mesmo, em sintonia com a sua opinião escrita, o Fernando fez a leitura dos acontecimentos, com a clareza, objectividade e ética que lhe são característicos, em consciência, apresentou a demissão daquela estrutura. Cumprimentei-o por isso!

Fez bem. É pena que não tenha tido seguidores. Refundar o PSD Algarve é urgente…

Agora estou expectante com o próximo dia 5 de Março, nas terras de Loulé. Vamos assistir seguramente a justificações surrealistas, iguais ao comunicado que aquela estrutura fez sobre os resultados eleitorais, referindo: “as suas consequências para o país, para a região do Algarve e para o PSD”. Esqueceram-se das consequências que deveria ter para eles próprios. Por tudo isto, aguardam-se as cenas dos próximos capítulos.

A classe política da região necessita ser renovada e rejuvenescida. Não entro no discurso que os que já estão há muito devem ceder o lugar aos mais novos, acredito no entanto na preparação das novas gerações de políticos, não me refiro às Jotas, refiro-me aqueles que têm ideias, opiniões e algum talento, para além do desejo de construir um partido forte e actuante.

Para quando o fim das quotas da Jota e dos TSD nas listas para as mais variadas eleições. As pessoas devem chegar lá pelo seu mérito, não por cirandar em torno de alguém, de terem sido eleitos pelos militantes, que muitas vezes controlam. Chega deste enredo de estruturas, de quotas reais, de quotas politicamente correctas, de uma série de atentados à própria democracia interna. Refundar o partido é, antes que tudo, um estado de espírito, uma força que deve ter origem nas bases do partido, as mesmas que não elegem o Presidente, que não responsabilizam os delegados ao congresso, pela simples e obvia razão que não sabem qual o seu voto, que é secreto. O poder dos delegados é esse. Elegem a direcção nacional do partido sem prestar contas. Este é o partido que não quero.

E qual é o partido que quero?

Quero um partido das bases para o país! Eleições directas para todos os órgãos! Uma re-filiação a cada “x” anos! Um controlo efectivo das inscrições dos militantes! O fim de 10 militantes numa morada! Um partido que retome o programa!

Quero um partido com pessoas de mérito, conhecedoras das realidades concretas, contribuintes técnicos para construir estratégias políticas.

Quero um partido que consiga atrair quadros motivados, não pelos lugares (internos e externos), mas pelo trabalho. Onde está o trabalho dos Gabinetes de Estudos. Onde estão as reflexões dos Conselhos de Opinião.

Deixo à reflexão de todos o seguinte trecho dos princípios programáticos do PSD:

“Um partido que aposta no reconhecimento do mérito e na capacidade de afirmação pessoal e social, cada vez mais necessários numa sociedade onde cresce o espaço para a realização das capacidades individuais, e onde importa distinguir os talentos pessoais que são contributos para o bem comum e para o progresso do País.”

O desafio é esse. Trabalhar, muito, trabalhar para merecer uma candidatura forte e sustentada daqui a 4 anos. Esqueçam a possibilidade de um próximo Presidente da República repetir uma dissolução de um governo estável. A bem do país, deixem o PS governar bem. Para nosso bem. Das pessoas. O que não impede de começarmos a construir uma alternativa credível. Não interessa ser eleito por demérito de quem lá está, o mérito é vencer pelas propostas que apresentarmos, pelas pessoas que candidatarmos e pelo valor que alcançarmos. São 4 anos. Dá tempo. É preciso começar já!

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