2005-05-23

Autárquicas

Os dados estão quase todos lançados. O PS já avançou, no PSD também parece já estar tudo decidido, e o BE? Quem são? O que querem? O que oferecem?

Tradicionalmente o poder local goza de uma singularidade que pode provocar distorções positivas nos cenários típicos de voto. Ou seja, nestas eleições as pessoas tendem a ser mais honestas, votam na pessoa, muitas vezes independentemente do partido. Não sei se o Bloco tem esta força? aguardamos as pessoas e as propostas.

Estas eleições serão interessantes. Não sou futurologista, nem tão pouco analista, muito menos absolutamente independente, mas a entrada do Bloco de Esquerda no cenário autárquico regional vai alterar certamente o equilíbrio actual.

Tenho as minhas dúvidas sobre possíveis coligações de esquerda. O posicionamento inicial do PCP e a sua postura condiciona à partida entendimentos. O PS, devido aos últimos resultados, dificilmente quer arriscar coligações, com os condicionantes da repartição de mandatos. Para além de terem a certeza que o Bloco e o PCP seriam forças internas de bloqueio ou pelo menos incontroláveis.

Estas serão eleições atípicas. Muito por culpa do BE, que vai mexer no mapa dos mandatos e, certamente, na divisão de votos.

Este ano dificilmente voltarei a ser candidato, por alguns motivos e mais uns quantos, o que me vai dar uma vantagem, vou estar na primeira fila, fora das ruas e dos cenários de campanha, que é o mesmo que dizer: sentado a ver passar as caravanas e a reflectir sobre as feras que vão dentro? as feras e os feridos?

Em Faro, o PS já iniciou a sua campanha, ou pré-campanha (confundo-me sempre?). Esta estratégia de lançamento do candidato, dando-lhe visibilidade. Como não pode estar por cá, devido aos afazeres parlamentares, os cartazes encarrega-se dessa presença. Avançam para já ideias soltas. Tenho a certeza que uma das questões a explorar por alguns partidos é o facto deste candidato ser de Olhão. Mas como já todos sabem disso e, se querem que vos diga, já ninguém se importa, vai ser uma falsa questão e uma que não vai ser tão popular, veja-se o que aconteceu com o Eng.º Sócrates e a sua putativa homossexualidade. Faro já não é só dos Farenses... Por isso, espero que a campanha se eleve e se discutam questões como:

- Que cidade queremos para os residentes;
- Que capital queremos para a região;
- Qualidade urbanística, como evitar mais erros e melhorar aqueles que foram feitos nas últimas décadas;
- Estacionamento como factor de relançamento do comércio tradicional e da baixa comercial;
- Faro, Capital do Quê?
- Qual o papel da Universidade na estratégia municipal;
- Qual o papel do Parque das Cidades na estratégia municipal (e principalmente orçamental);
- Como resguardar os edifícios tradicionais de Faro da ameaça imobiliária;
- Como crescer Faro, perspectivas de avanço sobre áreas agrícolas, de reserva ou Parque Natural ou a destruição continuada do património distintivo e tradicional da Cidade;
- A segurança dos cidadãos;
- A Ilha de Faro, para quando uma intervenção protectora e de fundo;
- Eixos viários estruturantes, a ligação de metro de superfície ao Aeroporto, as novas ligações viárias, alteração da linha ferroviária urbana, devolvendo a Ria à população;
- Estruturação do desenvolvimento e protecção do Ludo;
- Ciclovia até à Praia de Faro;
- Passeio ribeirinho, ou como não destruir recursos públicos?

Poderia continuar? Estes são apenas alguns assuntos que podem estar em cima da mesa.

Os principais partidos (PS e PSD) deveriam apresentar um documento de intenções, contratualizando com os eleitores duas coisas:

Se forem poder, quais as linhas genéricas de actuação e os principais projectos que pretendem desenvolver. Se forem oposição, qual a sua postura sobre esses mesmos projectos. A minha experiência pessoal fez-me ver que as oposições não são construtivas, votam contra propostas que no fundo não discordam, apenas para ganhar espaço de crítica. Por esse motivo, acredito que os partidos na oposição devem desempenhar as suas atribuições de fiscalização, mas também de acção, apoiando quando devem apoiar? voltarei a este assunto noutro dia?

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