2005-05-23

Défice Orçamental

Após ler e ouvir as declarações de Jorge Coelho, fico com a sensação que o PS ainda vai convencer o eleitorado que a culpa do estado em que se encontra o país é da inteira responsabilidade do Governo PSD/CDS-PP.
Para que se conte toda a verdade aos portugueses, é preciso que o PS saiba fazer também um mea culpa e assuma as suas responsabilidades, nomeadamente durante os anos em que António Guterres foi primeiro-ministro e o Estado aumentou de forma desmesurada a despesa pública, num momento em que a economia europeia estava em crescimento e os restantes países europeus aproveitaram para fazer as reformas estruturais de que necessitavam e pouparam algum para quando chegasse o tempo das vacas magras.
Qualquer economista concordará, que o investimento público deve ser reforçado quando a economia está em recessão, por forma a impulsionar a actividade económica, e que o mesmo deve ser retraido quando esta está em crescimento, pois nesta fase as empresas não precisam de nenhum empurrão. Todos se recordarão que o que se passou em Portugal foi precisamente o inverso, tendo Durão Barroso e Manuela Ferreira Leite tido a necessidade de fazer baixar a despesa pública numa fase em que está deveria ser aumentada, por forma a ajudar o sector privado da economia. Não foi assim à tanto tempo, apenas passaram 3 anos.
Pela parte que me toca, espero que José Socrates tenha a coragem de dizer que não vai repetir os erros cometidos no passado, e que não vai fazer depender as medidas estruturais, de que o pais precisa de como pão para a boca, dos ciclos eleitorais.
O país que mais aposta no Euromilhões, como no passado apostou nos fundos comunitários, no ouro das Américas e nas especiarias Asiatícas, não está preparado, como se viu nas eleições legislativas, para a verdade, e quer continuar a acreditar que tudo vai bem, quando não vai.
Por tudo isto, e muito mais, cá aguardo que nos próximos dias o Governo PS nos explique que erros foram cometidos, que consequências isso nos trouxe, que medidas vai tomar para aumentar a receita e para diminuir a despesa e com tudo isto trabalhar para chegarmos ao tal país moderno e progressista que tanto ambicionamos. Que não lhe falte coragem, e se tiverem medo dos lobis, dos corporativismos ou dos sindicalismos, já sabem - chamem o Dr. Jorge Coelho.

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