2005-08-09

"Destruição de vestígios romanos pode embargar campo de golfe"

O património construído que ainda temos pode estar em risco pela desenfreada vontade de construir. Como não conheço o caso em questão, quero apenas deixar o meu ponto de vista geral sobre o assunto.

Um campo de golfe só tem a beneficiar em investir na recuperação de um “pedaço” da nossa história com esta importância. Os hectares necessários para desenvolver um campo de golfe são apenas parcialmente utilizados, pelo que um achado arqueológico destes, limpo, iluminado e classificado, pode servir de atracção. Quantos campos de golfe no mundo podem vangloriar-se de “mostrar” uma “villa” romana desta importância? Muito poucos. Se existir algum!

Alguns investimentos podem ser amortizados fiscalmente e, do ponto de vista do marketing, servir para melhorar a percepção da qualidade da oferta. Por outro lado, o IPPAR deve ter presente que as empresas só usam expedientes como este, porque não dão resposta em tempo útil e o prejuízo que por vezes sentem, não se coaduna com uma economia de mercado. É necessário encontrar um equilíbrio entre as duas partes, para respeitar, é necessário ser respeitado.

O património construído é um dos grandes factores distintivos desta região, para além do clima e do património natural. Resta por isso às instituições saberem legislar para que os vários interesses, legítimos, sejam preservados.

Agora que o investimento turístico volta-se para o Algarve rural, por falta de espaço no litoral, é altura de reflexão. Espero que os erros de ordenamento não sejam repetidos. Espero que os impactos da imobiliária turística sejam mínimos, que procurem uma simbiose com o espaço que pretendem ocupar. Espero, mas sentado, pois até agora não mostram ter aprendido com os erros. Não acredito que seja por má fé, mas por falta de visão!

Aos autarcas, empresários e “eleitores” em geral: não esquecer que hoje, a percepção é fundamental e a qualidade um factor que todos os segmentos valorizam.

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