2005-12-04

Sobre os crucifixos

Não tinha intenção de escrever sobre esta matéria por uma razão simples: em teoria, qualquer pessoa de bom senso, confrontada com o facto (correcto) de o Estado ser laico acha que FAZ SENTIDO que não existam elementos religiosos nas salas de aula. Claro! Eu também acho que FAZ SENTIDO, embora nunca esse facto me tenha causado qualquer impressão. E na minha escola primária havia crucifixos e, mais ainda, as aulas eram interrompidas por uma senhora freira, amorosa, que nos vinha falar sobre passarinhos, amizade e coisas bonitas, sem perguntarem a nenhum encarregado de educação se pretendiam educação religiosa para os filhos (nem dando oportunidade para ninguém sair da sala). Sim, e isto já foi depois do 25/4/74...

Bom, mas já que o Governo pretende mexer no assunto, porque ele e toda a gente razoável, como eu, acha que FAZ SENTIDO, então será melhor pensarmos numa série de OUTRAS COISAS que FAZEM TODO O SENTIDO:

- Faz sentido o Estado manter a propriedade e encarregar-se da manutenção de edifícios religiosos? Claro que não. Então privatizemos os Mosteiros, Igrejas, Conventos, etc. que são do Estado. Ex: Mosteiros dos Jerónimos, de Alcobaça e da Batalha, Conventos de Mafra, de Tomar e quase todas as instalações militares do país (em Faro: convento de S. Francisco), etc...

- Faz sentido o Estado pagar aos seus funcionários e obrigar os privados a pagar aos trabalhadores para irem celebrar eventos religiosos em vez de estarem a trabalhar? Claro que não. Então acabemos com os feriados religiosos como o 8 de Dezembro, a quinta feira santa, o Natal, etc...

- Faz sentido o Estado pagar aos seus funcionários e obrigar os privados a pagar aos trabalhadores para estes comemorarem o nascimento do filho de Deus (segundo os Cristãos)? Claro que não. Então acabemos com a obrigatoriedade de se pagar o subsídio de Natal.

- Faz sentido a interrupção das aulas entre o 2ª e o 3º período ser móvel consoante a data em que se assinala anualmente a Páscoa? Claro que não. Então passemos a marcar uma data fixa para tal. Eliminemos também as designações de "Férias do Natal" e de "Férias da Páscoa" porque são tendenciosas.

Todo este raciocínio FAZ SENTIDO.

Mas, se começamos por aqui, está o caminho aberto para uma nova forma de fascismo.

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