“Hoje, o PSD está como nunca desertificado de quadros credíveis, de militantes desinteressados, de pessoas que desejem fazer política e não intriga, que coloquem o programa e a visão do mundo do partido acima dos seus interesses pessoais.”
José Pacheco Pereira in Sábado
O problema do PSD (e escuso-me de referir que o PS não é diferente) está exactamente na capacidade (direi mesmo inevitabilidade) de chegar ao poder. Hoje, fazer política passa necessariamente pelo poder.
A organização actual do Estado português requer dos partidos nomeáveis e pessoas-chave para as várias estruturas e empresas da esfera pública.
Não acredito que se faça política sem ambição. Melhor, não acredito que alguém ande à volta dos partidos sem um objectivo próprio. O que, em si, não é um demérito. O problema é exactamente o levantado em cima por JPP. Posso acrescentar que este PSD ainda não se encontrou. Esse é o problema fundamental. Os partidos são os seus líderes. Sem eleições à vista, resta montar uma verdadeira oposição. Não no sentido literal, mas no sentido de constante escrutínio e posicionamento consequente face às medidas, políticas e grandes opções. Com responsabilidade e sentido de Estado. Cavaco deu o mote na sua campanha. A diferença (actual) entre PS e PSD é mínima, não é ideológica, apenas circunstancial. Digam o que disserem. O PSD não poderia ter feito muito diferente daquilo que o PS quer fazer. Alguns pormenores justificam os dois partidos, mas não são assinaláveis. Para já, pelo menos.
Outro problema do PSD reside nas distritais. A pirâmide está invertida e é anti-natural. São um importante contra-poder. E as eleições directas resolvem apenas uma parte desse problema. É necessário por isso repensar que PSD queremos. Um que esteja manietado por políticos pequenos e sem visão, ou um verdadeiro partido de ideias e de quadros. Um projecto nacional com uma dinâmica concertada ou uma manta de retalhos mal alinhavada. Para que serve um partido que apenas espera ganhar eleições, para depois se eclipsar (com a vitória ou com a derrota). Fazer política é mais que isto. Também é isto, mas não se esgota nisso.
Nem vou escrever sobre as secções...
2006-02-05
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