2006-05-08

Hipotética analogia

Na passada segunda-feira fui ao cinema à sessão da meia-noite. Já depois de estar sentado na sala e de o filme ter começado, apercebi-me que era o único espectador! É uma sensação estranha mas até é uma perspectiva agradável pensar em ver um filme em grande ecrân sem ter de ouvir o som das pipocas dos outros, os segredinhos e as risadas da garotada. 10 minutos depois de o filme estar a passar, vejo chegar o lanterninha que se dirige a mim. Eis o diálogo que se seguiu:

- Desculpe, mas vou ter de o conduzir à saída!
- Mas porquê?
- São as ordens que tenho da administração. O Sr. Vai ter que sair, e agora.
- Vai-me desculpar, mas terá que me explicar o motivo para esta atitude tão inesperada.
- É que o dinheiro que pagou pelo bilhete é insuficiente.
- Insuficiente? Paguei tudo aquilo que me pediram à entrada!
- Pois, mas já reparou que não está mais ninguém a assistir ao filme?
- Por acaso reparei e até estava a gostar desse facto...
- Pois é, mas acha que aquilo que pagou é suficiente para pagar as horas extraordinárias que eu, o projeccionista, o segurança, a mulher da limpeza e o empregado do bar estão a receber até às duas da manhã apenas para que o senhor possa assistir ao seu filmezinho aí refastelado? Já para não falar na amortização dos equipamentos...
- Eu não tenho nada a ver com isso! Paguei o que me pediram e não vi nada escrito a dizer que havia um número mínimo de espectadores na sala! Daqui eu não saio sem ver o filme todo!
- Se o senhor quiser continuar a ver o filme vai ter de nos pagar 500 euros, é o valor minimamente JUSTO. Ou então saia.

Foi mais ou menos isto que o Sr. Morales fez com a sua decisão da nacionalizar os petróleos na Bolívia.

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