2007-11-15

Uma década
Publicado no Região Sul

Estava eu metido na minha vida, ocupado entre a minha actividade profissional e a minha vida familiar, já distante dos anos em que fui dirigente associativo, quando recebo um telefonema que me fez regressar ao século passado. A Associação Académica da Universidade do Algarve fazia anos e estavam a organizar uma Gala para comemorar os primeiros 10 anos.

Esta instituição não foi pacífica de criar e recordo-me das horas, dos dias, dos meses que passei com o Augusto Costa e o José Maria Mascarenhas, debatendo-nos para criar a proposta de estatutos, para os aprovar em Assembleia Magna e, mais tarde, registar a associação, contando sempre com a preciosa ajuda e experiência do Dr. Carlos Martins e com a alto patrocínio do Prof. Doutor Eugénio Alte da Veiga, Reitor nessa altura. Foram tempos fantásticos, esses e os seguintes, entre a comissão de instalação e a primeira direcção-geral (disputada em eleições). No fim desse mandato, retirei-me do movimento associativo, já com nostalgia. Com consciência de que jamais voltaria a passar por momentos como aqueles. Foram de facto únicos.

A Associação Académica fechou este primeiro ciclo. Uma década de presença, de sonhos, de aspirações e contribuições por um ensino superior melhor. Em resumo, uma década em que centenas de pessoas trabalharam, quase sempre em silêncio e sem o reconhecimento dos seus pares, que não imaginam a importância e, sobretudo, o empenho que estas pessoas tiveram, têm e terão, sempre à custa de qualquer coisa.

Claro que existem compensações. Ser dirigente de uma instituição como esta traz-nos benefícios, desde logo e sobretudo uma aprendizagem não negligenciável. Posso dizer que aprendi mais na Académica do que grande parte do meu curso. Este foi o meu tirocínio.

No decorrer da Gala, enquanto ouvia alguns discursos, recordava-me como foi e é possível a um pequeno grupo de jovens, sem qualquer experiência, no início ou no meio dos seus percursos académicos, construir, desenvolver e continuar a fazer crescer, ao longo destes 10 anos, esta organização impar, com responsabilidades em áreas tão distintas como a defesa dos interesses de uma academia, passando pela área empresarial, com bares, centros de cópias, livraria, etc. até à animação cultural, designadamente a organização de um dos maiores eventos da região: a Semana Académica e ao desporto e informação. Tudo com pessoas que fazem compensar a falta de experiência com a vontade de vencer, que daqui seguem para cumprir os seus objectivos e ambições.

Voltando à Gala; ela simbolizou mais do que aquilo que a actual Direcção-geral idealizou. Ela glorificou os estudantes, os anónimos estudantes que escolheram a Universidade do Algarve como veículo para construir um futuro melhor. Muitos milhares de pessoas, entre excluídos e privilegiados, ricos e pobres, bons e maus alunos, interessados e desinteressados. E todos os que estão no meio. Foi esta massa humana que esteve no palco e na plateia. Tiveram a hipótese de vislumbrar um pouco do futuro, através das experiências que anteriores dirigentes partilharam, assim como das histórias de um passado ainda recente, mas que não deve ser esquecido.

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