Não querendo entrar nos meandros do processo “Casa Pia”, uma questão empírica levanta-se. Essa questão prende-se com a situação legal dos indiciados. Como a minha formação é em gestão, não em Direito, perdoem-me alguma imprecisão jurídica, mas afinal, os presos preventivos não têm sentença transitada em julgado, pelo que são inocentes (até prova em contrário). São apenas suspeitos. Assim, na SIC Notícias, a esposa de um dos presos preventivos referia-se a algumas condições que estes têm de suportar. Um dos problemas é a água, que só é quente por poucas horas e não podem telefonar a quem quiserem. Eu acrescento que o período de visita é quase ridículo. Aqui entra o meu argumento. Penso que estas pessoas deveria poder ter mais condições, ainda que por eles financiadas, como ter e poder usar telemóvel, computador, Internet, etc... terem visitas mais alargadas, entre as quais as pernoitas conjugais (não todos os dias, mas pelo menos com alguma regularidade)
Porquê? Precisamente porque podem, no final do processo, serem considerados inocentes. Um preso que fique 3 anos preventivamente, sabendo-se inocente (e não digo que estes o sejam, pois esta minha opinião alarga-se a qualquer pessoa nestas condições), qual será o estado psicológico e o trauma que foi induzido? Como retratar uma situação destas? Haverá forma de compensar?
Por isso, defendo que esta “permanência” deva ser suave, em locais afastadas da restante população prisional, com condições dignas da hipótese (Constitucional) de serem (presumidos) inocentes.
Imaginem-se, caros leitores, inocentes, passando um mês, um ano ou apenas uns dias, numa prisão, com criminosos, comendo mal, sem espaço, sem liberdade, apenas com a vossa imaginação e um maço de Marlboro Lights...
...sem o Blogguer!!!
Sobre as propinas
Não sei se alguém já reflectiu, mas os Governos PSD têm alguma tendência para serem vaiados pelos estudantes. E não só. Somos um povo com pouca apetência para as reformas.
Penso também que a forte intervenção da esquerda tem provocado certamente este tipo de posições. Uns orquestram, outros seguem. Sempre foi assim, sempre será. As massas são facilmente manobradas. Esta é a minha opinião.
Já em relação à disputa, penso que o problema não deveria ser o valor. Os nossos pais (eu tenho 29 anos) pagavam na altura, mais que hoje (proporcionalmente).
Aconteceu o mesmo com as rendas, congelaram-nas, e agora existem pessoas a pagar misérias pelas rendas.
Este principio não foi aplicado às propinas, durante muitos anos era uma prioridade dos Governos, mas hoje já não. Pelo menos ao nível do investimento.
Portugal necessita muitos mais técnicos, mas a formação destes é hoje muito mais acessível, existem Universidades e Politécnicos em todos os Distritos, pelo que claramente existiu um investimento brutal, mudou-se a realidade e democratizou-se o acesso.
A única critica que faço a este processo está relacionado com a percentagem de aumento. No mínimo 100%. Penso que deveria ser mais gradual. Considero também que um estudante de medicina deve pagar mais do que um de línguas, e diferenciado em função do estabelecimento de ensino. Não se pode comparar a Universidade Nova, com o Politécnico de Idenha-a-Nova. Aqui deverá funcionar o mercado. Melhor, mais caro.
A aplicação das receitas também deve beneficiar a qualidade de ensino, não para pagar salários. Esta deverá ser a máxima.
Já agora, deve também haver um escalão de cadeiras, pois um estudante que deixe uma cadeira, vai pagar, por exemplo, 600 Euros de propinas, usufruindo no sentido económico, de 60 Euros (600 Euros/10 cadeiras). Deve existir atenção a estes problemas e corrigir estas situações.
Os estudantes consideram alto o valor das propinas (em comparação com os outros anos), quando deveriam preocupar-se em protestar e influenciar junto dos Magníficos, no sentido de melhorar o ensino, o laboratórios, as políticas de estágio, a permanente procura das necessidades reais do mercado, e por aí fora.
Este é que deveria ser o papel...
2003-10-01
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