2005-10-21

Inquietante

Chamava a atenção para o artigo de Pedro Adão e Silva no Diário Económico. Num momento particularmente difícil da vida portuguesa, apesar de ser da opinião que ainda ninguém nos disse realmente a verdade, também não posso deixar de concordar que muitos de nós não estão interessados em conhece-la.

O actual governo tem pela frente uma enorme tarefa, mas para a levar a cabo terá de encontrar os parceiros sociais adequados, negociar as medidas em nome do interesse nacional e com eles realizar as reformas necessárias. Ninguém faz reformas sem contestação e de forma arbitrária, e tratando-se de medidas altamente impopulares, que os governos nem sempre estão dispostos a tomar, seria de todo positivo que os interesses da nação se sobrepusessem aos interesses corporativos, e que sindicatos e dirigentes patronais mostrassem um pouco de boa vontade, de visão e de maturidade.

Por muito que se discuta a eficácia de algumas das políticas que o governo pretende levar a cabo, e embora concorde que o orçamento de estado apresentado é pouco rígido quanto à contenção da despesa corrente, é inegável que não podemos continuar a ter um Estado que consome metade do que o país é capaz de produzir, nem sempre com os melhores resultados, e que sem crescimento da economia não pode haver uma melhor distribuição da riqueza. Somos um dos países da União Europeia com menor taxa de produtividade, não porque não sejamos tão capazes quanto os outros, mas porque temos uma cultura pouco virada para o trabalho e para a realização.
Sintomático é o facto de na administração pública não haver quase nunca uma gestão por objectivos e de haver a sensação de que ninguém controla ou fiscaliza o trabalho de ninguém.
Enquanto a Qualidade não fizer parte do léxico da administração pública temo que nada mudará, a não ser o rosto dos nossos governantes.

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