2005-03-31

Algarve Tradicional
Publicado no Jornal do Algarve

Quando se fala na saída dos centros de decisão do país, penso sempre na aplicação deste conceito à nossa região.

As empresas que dinamizam a economia regional são normalmente controladas por pessoas, individuais ou colectivas, externas à região.

Os centros de decisão políticos estão em Lisboa, com uma curta descentralização da Secretaria de Estado do Turismo, que deverá voltar para a capital. O que nos resta? Resta-nos um poder autárquico que não está institucionalmente vocacionado em torno dos assuntos regionais, já que são eleitos para desenvolver trabalho num território mais limitado.

O Algarve está cada vez mais dependente de factores que não controla. O dinamismo regional, ou a sua estratégia, passa muito pouco por cá. Resta-nos algumas empresas com dimensão, mas descapitalizadas e com deficiências tecnológicas e um pequeno comércio envelhecido. Esta é a nossa realidade.

Como acredito que o mercado deve funcionar o mais livremente possível, não posso deixar de reflectir sobre a estrutura produtiva do Algarve e o resultado da canalização de tantos recursos, designadamente comunitários, que não tiveram implicações concretas e absolutas em indicadores como, apenas a título de exemplo, o grau de instrução da população.

Vivemos de e para o turismo. É de facto uma vantagem competitiva desta região. As várias entidades procuram e insistem cativar mais deste investimento. É pacifico que a região necessita que sejam desbloqueados mais projectos de qualidade e em segmentos diferenciados. Mas, e o resto?

Recentemente o Algarve foi “galardoado” com a categoria de “getting ugly” pela National Geographic Traveler, ficando em 106 num universo de 115 destinos. É uma má publicidade, mas de facto, o Algarve litoral está a ficar cada vez mais descaracterizado. Resta-nos um outro, o rural, o tradicional, o ainda genuíno, mas esse ainda está esquecido…

Isto deve, a bem da nossa competitividade e imagem, servir para que as autoridades com competências ao nível do planeamento local, regional e nacional iniciem esforços para garantir a esta região um enquadramento de desenvolvimento que dê resposta a esta degradação que se vem sentindo desde que se permitiu Quarteira, Armação de Pêra, Monte Gordo e tantas outras cidades de betão.

O que nos leva a outro campo. Para quando o estabelecimento de políticas de atracção de alguma industria? De investimentos geradores de produção, que conduzam ao aumento da taxa (real) de emprego.

Deve caber às associações empresariais, às universidades da região e à sociedade civil o lançamento desse desafio!
Porquê sempre em LLE!!

Ontem cheguei a Loulé à hora que fui convocado. O resto (e foi mesmo o resto, pois muitos ficaram a ver a novela) só 40 minutos depois!

Entregaram aos presentes um documento, que iria ser proposto a aprovação naquele local!

Li e fechei o documento. Lá estava escarrapachado na capa “Aprovado na Ass…” [nota: eu estava naquele sítio para aprovar o tal documento, que já dizia ter sido aprovado]. Depois foi um sem número de generalidades, algumas pertinentes. Não sei como acabou. Ouvi alguns comentários no discurso de apresentação que não gostei. Para além da forma do documento, pelos vistos já aprovado… achei que estava ali a mais! Sai!

A cultura democrática é feita também destes lapsos. Mas são lapsos fundamentais.

De resto, considero importante que algum documento tenha sido feito e seja apresentado em nome do Algarve. Esse trabalho, porventura inglório, não deixa de ser um marco. Eu próprio tenho defendido alguns dos pontos daquele papel. Vejo que existe esforço, mas também senti que foi isolado. Parece que o redactor investiu estas mini-férias neste trabalho. Mas onde está o Gabinete de Estudos. Onde estão os contributos de todos aqueles que podem dar ainda mais consistência e conteúdo… devem ter feito o mesmo que eu… descansado!

2005-03-29

Ensurdecedor

O silêncio do Governo Sócrates, e a complacência dos media relativamente à governação socialista, começa a dar-me cabo dos tímpanos. Até parece que os problemas ficaram, como que por artes mágicas, todos resolvidos. É caso para dizer que existem dois pesos e duas medidas.

2005-03-28

De gota a gota...

A nossa sociedade mantém um nível de desperdício de água brutal. A forma mais fácil de influenciar (reduzir) o consumo, reside em inflacionar o preço. É uma via aceitável do ponto de vista instrumental. Mas penaliza quem é obrigado a consumir, face ao número de elementos do seu agregado familiar, por exemplo.

Fiz uma experiência que me surpreendeu: levei um garrafão de água para o duche e verifiquei que consigo enchê-lo até que fique com a temperatura ideal para iniciar o banho. São cerca de 5 litros de água. Ou seja, no mínimo, por ano, lá se vão 1525 litros (305 dias x 5 litros, os restantes 60 dias tomo, quase sempre, com água fria). Mesmo assim, desperdiço 1,5 m3 de água num ano. Não fiz o teste com a minha esposa, ou seja, estes dados são para uma pessoa.

Isto fez-me pensar em alternativas de poupança.

Quando se constrói uma casa, deveria ser obrigatório a implementação de canalizações que captassem as águas do banho para, por exemplo, usar no autoclismo. Ou seja, essa canalização alimentava um depósito de 100 litros que servia exclusivamente os autoclismos dessa casa.

Pensei também na quantidade de água que poderia ser captada dos telhados. Nas casas e nos prédios poderia ser obrigatório instalar processos de recolha da água para a rede pública, que alimentaria a rega dos espaços verdes colectivos e outro tipo de usos. É lógico que este esforço deveria ter sido feito há muito.

Não sei se será impraticável. Quando as canalizações urbanas foram apresentadas, a população estranhou e não acreditou no seu sucesso. Quem é que hoje se atreve a contesta-la? As casas de banho rurais eram praticamente inexistentes (e dispensáveis) até há poucas décadas, hoje…

A minha contribuição vai passar por captar e reter durante o Inverno esta água que até aqui desperdiço, acredito que no mínimo são 2 a 3 mil litros por ano, sem contar com a que cai nos meus telhados. Esta última vou procurar armazenar num depósito. Este ano é atípico, mas juntando a água das chuvas com a outra, devo conseguir assegurar a rega do meu jardim, durante os meses de verão. Não fiz ainda contas, mas até deve ser rentável do ponto de vista financeiro, a médio/ longo prazo, visto que apenas tenho que investir num depósito de fibra (por exemplo), numa bomba e alguns tubos.

A média de pluviosidade na região é de 450 mm por metro quadrado. Não tenho muitos conhecimentos nesta matéria (corrijam-me se estiver a pensar mal), mas cada 1 mm de água corresponde a um litro. Ou seja, podemos captar em cada metro quadrado de superfície (em média) 450 litros de água por cada ano, imaginem o que podemos recolher nos nossos telhados!!!


Este vai ser o meu contributo. E o seu, qual vai ser?

2005-03-22

Dia Mundial da Água

Comemora-se hoje o Dia Mundial da Água. Num período de seca como aquele em que vivemos, este assunto ganha particular importância. Vários entendidos na matéria já manifestaram a sua estranheza por ao longo de tantos anos nunca se ter criado um mecanismo de prevenção para situações de seca, facto que não constitui novidade para os portugueses. Ficam aqui e aqui dois links, o primeiro para um artigo publicado pela ONU que relaciona as questões da água com o desenvolvimento sustentável, o segundo para o Museu da Água, onde é possível ficar a conhecer um pouco mais sobre este recurso, e que desenvolve um importante papel de sensibilização e educação junto dos mais jovens.
Apontar o futuro

"menos burocracia, menos restrições nacionais e mais verbas para o que é verdadeiramente necessário - nas salas de aula e nos laboratórios", a receita de alguns cientistas europeus vencedores do prémio Nobel, por José Manuel Barroso, aqui.

Também relacionado com o investimento em educação, investigação e inovação, veja o editorial de José Manuel Fernandes no mesmo diário.

2005-03-20

observatoriodoalgarve.com

Disponível desde Sábado passado, o novo projecto da Central de Notícias do Algarve, pretende ser um jornal electrónico de referência. A não perder, disponível em www.observatoriodoalgarve.com .
Porque não fico mais descansado?

Com o Eng. José Sócrates como primeiro-ministro, e o Benfica a dar sinais de que pode vir a ser o próximo campeão nacional, parece que a retoma económica do país está assegurada. Não fora a incerteza nos passos dados por ambos e a incógnita sobre se tudo isto não passa de pura ilusão, deixava já hoje de jogar ao Euromilhões.

2005-03-16

http://www.insuspeito.blogspot.com/

Já está nos recomendados!
"Código Da Vinci" na lista dos livros proibidos pelo Vaticano

O Vaticano incluiu hoje o "best-seller" mundial "Código Da Vinci", do escritor Dan Brown, na lista das obras literárias a "não ler nem comprar", acusando-a de ser um "castelo de mentiras".

Por acaso já cirandam lá por casa os “Anjos e Demónios”, o novo romance de Dan Brown. Ainda não comecei. Depois ponho uma nota sobre o livro.

Mas este poste é sobre uma organização que dá pelo nome de Igreja Católica Apostólica Romana. Como se pode ver aqui, a última ditadura europeia – O Vaticano – ainda não abdicou da perseguição cultural, da censura, entre outras formas arcaicas de estar e intervir na sociedade.

Ler o “Código Da Vinci”, para este Estado, é tão censurável com usar contraceptivos.

Mesmo depois das desculpas relativamente à inquisição, entre outras, o Vaticano subsiste em manter-se isolado nas questões humanitárias que flagelam a sociedade. Em Africa, onde a SIDA dizima milhões, assistimos à Igreja Católica condenar o uso do preservativo… esta é a Igreja que temos… se calhar é a que merecemos!

Considero que esta Igreja é responsável por muito do atraso da sociedade ocidental. Se não fosse pela Inquisição, pelo estado de medo que infligiu (e de certa forma ainda inflige) nos seus seguidores, e não só, poderíamos estar muito mais evoluídos... eu pelo menos acredito que sim!

Ah, e ainda por cima só agora proíbem o livro… e os que já leram? Espera-lhes algum acto de contrição?
Descer à Terra

O alerta de Vitor Constâncio lançado ontem era previsível. Vitor Constâncio fala em financiamento das infra-estruturas rodoviárias através dos impostos sobre veículos e combustíveis, em vez de serem pagas pelas receitas das portagens. Esta iniciativa, a ser aceite pelo governo, é fortemente penalizadora para quem tem automóvel, ou não fossemos já dos países da União Europeia com maior tributação sobre este tipo de viaturas, além de que assistimos nos últimos meses a fortes aumentos no preço dos combustíveis. Sobre este assunto nem sequer devia haver dúvidas: - é unânime que a medida mais justa é a que se baseia no princípio do utilizador pagador, mas essa, fruto de promessas eleitorais populistas foi esquecida pelo actual primeiro-ministro. Como se alguém pudesse acreditar que o dinheiro não teria de chegar por algum lado?!
http://www.insuspeito.blogspot.com/

Aqui está um blogue vindo directamente da minha cidade natal – Lagos. Cumprimentos ao NM, irei “xpreitando” lá de quando em vez.
Se aliarmos o poste do Tiago a esta notícia aqui, verifica-se que existe um esforço realizado em sentido contrário.

Existem pessoas que se batem por manter cá recursos, enquanto que outras permitem que esse capital seja desperdiçado.

Estou convicto que as Agências de Desenvolvimento Regionais estão desaproveitadas. Nos últimos anos foram negligenciadas e votadas ao abandono institucional! Porque não contratualizar com estas entidades, se não a gestão, pelo menos o agenciamento e dinamização, junto do tecido empresarial e não só, dos vários fundos e mecanismos de financiamento comunitário. A nossa vizinha Espanha, a título de exemplo, garante através do financiamento sistemático das contrapartidas nacionais, imenso investimento. Os resultados desta política estão à vista… até para os mais incautos.

Por tudo isto, defendo que às ADR’s pode caber o papel de captação de investimento, contribuindo não só para o desenvolvimento das empresas das suas regiões, como para captar e acompanhar outras que se queiram instalar.

O Algarve deve diversificar. Há muito que venho escrevendo sobre isto. Estamos demasiado dependentes do turismo. Um derrame (crude) em grande escala na nossa costa pode colocar em causa toda a economia. A palavra -tecnologia-, tão na moda desde a elaboração do programa eleitoral do PS para estas legislativas, é de facto crucial. Também a nossa região deve conseguir apanhar esse comboio e criar as condições para ser uma alternativa de investimento às restantes zonas teoricamente mais atractivas para investimentos desde tipo. O Algarve tem clima, tem infra-estruturas, tem acessos, tem quadros e tem qualidade de vida suficiente para vender uma imagem forte que permita atrair empreendedores das novas tecnologias, das industrias limpas e outras áreas inovadoras, como na a produção cultural, designadamente estúdios de gravação. O potencial é tanto que é difícil parar…

2005-03-15

15 de Março
Dia Mundial dos Direitos do Consumidor

Comemora-se hoje o Dia Mundial dos Direitos do Consumidor. Uma palavra de apreço para a DECO pelo trabalho "fiscalizador" que tem desempenhado em defesa de todos os consumidores. Na realidade a fiscalização em Portugal funciona mal, e por vezes não funciona de todo. A DECO tem conseguido com mérito substituir o Estado português que continua a investir muito pouco nesta área, o que bem vistas as coisas, nos sai muito caro. Leia aqui um bom exemplo passado no Algarve.
4.300 Milhões Euros

Não, não é o valor do jackpot do Euromilhões. São os milhões de euros de fundos que Portugal não soube usar e que serão devolvidos à União Europeia. Cerca de um terço do valor total. Só justificado por pura falta de imaginação e de políticas eficazes.

2005-03-14

"Poder Local: um passo atrás?"

"Na orgânica do novo Governo paira no ar a ideia de que o acompanhamento do Poder Local fica na área do ministro da Administração Interna. Ou seja, os postos da GNR, as esquadras da PSP e as câmaras municipais passarão a ser coisas semelhantes e afins." Leia o resto aqui, pela mão do Presidente da Junta Metropolitana do Algarve, Eng. Macário Correia.
Revelador

A ver pela última sondagem tornada pública no Expresso do passado Sábado, quanto melhor o primeiro-ministro gere o silêncio, melhor é a opinião que se tem deste.

2005-03-13

Uma realidade que, na opinião da eurodeputada do PS, revela «um machismo anacrónico» e posições que «não revelavam nenhuma modernidade, nem sintonia europeísta, nem progressismo, nem “novas fronteiras” nenhumas».

A eurodeputada Ana Gomes está de volta ao ataque!!! Nem o desterro de ouro a cala!

Esta é a fronteira entre aquilo que se pode pensar e aquilo que não se deve falar (ou escrever)!

As mulheres estão claramente em desvantagem na nossa sociedade! Mas será justo implementar estas mudanças por via de quotas? Penso que não! As quotas são perversas, não premeiam mérito, não credibilizam, tão pouco alteram as desvantagens que a sociedade ainda mantém, mas que está invertendo... Já existem mais mulheres no ensino superior, por exemplo, sem recurso a quotas.

Os governos nunca deverão ser feitos por quotas. Os governos não são feitos por homens ou mulheres, mas por pessoas, capazes e motivadas.

À beira da nomeação, e pelo que me é dado a conhecer, este é dos governos menos políticos (no sentido da estrutura partidária) das últimas décadas. Não me refiro apenas aos independentes, refiro-me por exemplo à liberdade que cada ministro teve de escolher os seus Secretários de Estado.

O primeiro-ministro indigitado José Sócrates tem as melhores condições técnicas e institucionais dos últimos tempos para reformar. Tem, no entanto, o mesmo problema do Governo cessante, um país (e uma Europa) em crise, que em parte é estrutural, mas que em muito se deve aos maus resultados da economia internacional…

O meu PSD tem pela frente 4 anos de muito trabalho para apresentar-se ao eleitorado como uma alternativa credível e capaz. Tem que neste tempo abandonar o sistema dos caciques, dos baronatos e dos sindicatos de votos. O futuro tem que passar obrigatoriamente pela alteração da forma de eleger o Presidente do partido, assim como na forma de trabalhar dos gabinetes de estudos distritais e até concelhios. O PSD só voltará ao poder daqui a 4 anos caso consiga regenerar-se, não apenas a nível nacional, mas fundamentalmente nas Secções e Distritais, o trabalho feito junto dos eleitores, dos militantes, da sociedade em geral é fundamental para prestigiar este partido.

Destaco desde logo:

- Proceder a uma refiliação;
- Eleger directamente o Presidente do partido;
- Criar gabinetes de estudos multidisciplinares regionais (5 regiões plano) com pessoas capazes e motivadas, dependentes do Presidente;- Criar mecanismos de formação e captação de quadros.

2005-03-12

Sinal dos Tempos

A notícia aqui avançada, de que 40% das empresas exportadoras de calçado pretendem deslocalizar a sua produção para países como a China ou a Roménia, é reflexo dos tempos em vivemos. O modelo de crescimento económico empresarial baseado nos baixos custos da mão-de-obra (factor trabalho) deixou de existir, sinal de que estamos mais ricos e já não existe ninguém para fazer este trabalho. Portugal precisa de encontrar o seu caminho, um caminho em que a massa cinzenta se torna o maior capital do país, e que não se faz sem investimento em tecnologia e inovação. Espero sinceramente que o Pólo Tecnológico do Algarve, há tanto aguardado, não seja apenas mais uma incubadora de empresas, mas que sirva para estimular o aparecimento de spin-offs, numa parceria construtiva entre Universidade do Algarve, empresas da região, investidores e empreendedores.

2005-03-10

Uma Assembleia tem mecanismos próprios que permitem gerir os conflitos entre os seus membros. A mesa da assembleia de Sábado à tarde, em Loulé, poderia ter expulso da sala alguns dos agressores verbais que repetidamente desrespeitaram quem ali estava, para além da própria mesa que, obstinadamente, os mandava calar e exigia compostura. Estas pessoas queixam-se de só serem chamados para colar cartazes e contribuir financeiramente, mas percebe-se logo porque apenas servem para isso. E já é muito!

Não me considero elitista em termos políticos, considero que esta expressão deve ser aglutinadora das várias opiniões, realidades e até formas de estar, mas também procurar aqueles que melhor podem contribuir, técnica e politicamente, na elaboração dos vários projectos e na construção das estratégias partidárias.

Estas pessoas, que atacam, são levadas pelos seus próprios receios, são facilmente manobradas e orientadas. Concordo com o Fernando quando diz que existem pessoas por trás da “esmeraldada”, são marionetas políticas… mas esta é a sociedade que temos, este é o partido que temos… Resta por isso duas situações, submergir uns tempos, até que o enquadramento seja mais conciliador e consistente, ou entregar o cartão e fazer política sem a via partidária. Ou, porque não, um misto dos dois.

Embora seja um militante de base, como está tão na moda agora (porque será?), já pensei na desfiliação, pois não me revejo em muitas atitudes… mas esta não é a altura de sair, esta é a altura de continuar a falar e a escrever, esta é a minha contribuição por agora. Já tentei dar outro tipo de contribuição, mas tenho-me desiludido quase sempre... penso que a actual classe política (e aqui não me refiro a ninguém em especial) não está preparada para trabalhar, para decidir, para actuar… não há grande capacidade de pensar e qualquer grupo que apareça para trabalhar e construir, é considerado, muitas vezes, como uma ameaça aos interesses instalados.

Em relação a muitas das críticas lançadas aos dois ausentes da reunião referida em cima, tenho apenas (por agora) uma coisa a dizer, já todos se esqueceram que alguns políticos da região, depois de ficarem sem o seu lugar, também se retiraram e não disseram presente em vários momentos eleitorais, o que está inteiramente no seu direito… desde que não critiquem nos outros o que foram as suas acções!!!

2005-03-09

A CGTP vai exigir ao novo Governo que a idade da reforma das mulheres baixe para os 62 anos de idade, noticia esta quarta-feira A Capital. De acordo com o jornal, esta é uma das questões reunidas na carta reivindicativa «Caminhos para a Igualdade», que a intersindical vai apresentar ao Governo, ao Presidente da República, Jorge Sampaio, e aos grupos parlamentares.

É interessante avaliar o contributo dos sindicatos para a economia. Supostamente defendem os interesses dos seus associados, ou trabalhadores em geral. Na realidade, esta notícia revela a verdadeira natureza destes "grupos políticos"! Quando a economia está em baixo, necessitando do contributo de todos, os sindicatos da CGTP vêm exigir ao novo Governo que reduza a idade de reforma das mulheres para os 62 anos. Referem os "caminhos para a igualdade", quando as mulheres têm uma esperança média de vida superior e, ao abrigo da igualdade, pedem que lhes reformem mais cedo. Mas esse até nem é o problema. Considero-me mais liberal que conservador, à direita da esquerda, mas sou pelo ganho de benefícios à medida que a sociedade progride e proporciona recursos excedentes para tal: mais espaço para lazer, melhores rendimentos, melhor e mais educação, mais e melhor cultura e por aí fora? mas esses recursos são escassos e a sociedade deve estar em franco crescimento para gerar recursos para incrementar estas áreas. Não é o caso. Neste momento são as empresas que requerem trabalhadores mais produtivos. Não é a altura de falar na alteração da idade da reforma, nem em greves, como na Opel, em que os sindicatos influenciam estas formas de luta (direi mesmo guerrilha) que, em última análise, afastam outros investimentos, fundamentais à nossa economia! Qual é o investidor internacional que, depois de uma prospecção ao mercado, sabendo da propensão do capital humano entrar em greve, decide investir, quando tem outros países com salários mais baixos, preços de instalação mais reduzidos, apoios do Estado, beneficiando de uma centralidade que não temos, enfim, posso continuar, mas penso que me fico por aqui. As sindicatos (re)lanço um desafio: participem na economia como parceiros, não como concorrentes!!!

2005-03-03


Nota de Redacção: Numa época de fusões, aquisições e reestruturações, o notaSoltas abre cinquenta por cento do seu capital a um novo elemento. A partir daqui, este espaço deixa de ser individual e torna-se colectivo. A dinâmica será a mesma, falar sobre tudo, por vezes sobre nada, a maioria das outras sobre alguma coisa…

Eu e o Tiago Torégão participamos em diversos projectos juntos, profissionalmente na Agência de Desenvolvimento Regional do Algarve, em termos pessoais, destaco a
vialgarve. Agora estabelecemos aqui, consigo que nos está a ler, um compromisso de coerência e responsabilidade!

Aproveitamos também a entrada de capital fresco para renovar o aspecto geral do site.
Os conteúdos serão, como sempre, responsabilidade do seu autor, que é identificado com o nome, não como até aqui, pelas siglas.



A China pode arrasar alguns sectores, como o têxtil, de algumas economias mais frágeis, como a nossa. Para além dos princípios da livre concorrência não estarem assegurados, pela miséria de salários, das condições de vida e extrema pobreza que perpetuam os preços baixos, temos também este tipo de censura, para além da restante.

2005-03-02

Em cinco anos, a venda de anti-depressivos cresceu 45%... são dados para a sociedade reflectir!
Ora aqui está uma medida interessante.

Nós sabemos que os deputados à Assembleia da República eleitos na região, não são da região. Os deputados ao Parlamento Europeu, pela sua dinâmica própria e enquadramento institucional, ainda menos. Por este motivo, é de louvar esta medida da eurodeputada algarvia.

E ainda sobre Jamila Madeira, aqui está outra proposta meritória. O enquadramento e mais-valia da participação no projecto Europeu deve passar pelo melhoramento dos critérios sociais, onde a literacia/ educação/ formação (e, já agora, o emprego) são fundamentais à correcta leitura do estado de uma região. A política deve ser feita para as pessoas.

Os deputados desenvolvam trabalho, muitas vezes pouco reconhecido, mas devem ser estes os primeiros a criar mecanismos, formais ou informais, de comunicar o que fazem com os mandatos que lhes atribuímos pelo voto. O notas não deve ser frequentado por deputados, mas mesmo assim, apelo a estes que comuniquem via página web, e-mail, entre outros meios, e nos transmitam e informem do que andam a fazer pelos corredores, câmaras, antecâmaras, plenário e gabinetes do parlamento.

2005-03-01

O Conselho de Jurisdição Nacional do PSD vai/ está a analisar a conduta e (pouca/ nenhuma/ negativa) contribuição na campanha de alguns filiados nos últimos meses.

O PSD é um partido que defende os valores dos direitos, das liberdades e garantias dos portugueses, como elemento indispensável à preservação da autonomia pessoal (1), posto isto, a opinião de alguns, como a de Pacheco Pereira, Cavaco Silva e outros, deve ser encarada dentro deste espírito. Todavia, penso que a militância partidária requer algum tipo de disciplina. Mesmo assim, as posições tomadas em público são conflituais com a minha noção de disciplina, se por um lado são membros de um partido, por outro não (devem) abdicam dos seus direitos de cidadania.

“O pluralismo das ideias e correntes políticas, cuja garantia de livre expressão constitui pressuposto indispensável ao gozo dos direitos e liberdades fundamentais de todo o cidadão” (2), são aqui colocados em causa por uma tentativa de culpabilização de uns, pelos erros e falta de sorte de outros.
“O direito à diferença, como condição inerente à natureza humana e indispensável para a afirmação integral da personalidade de cada indivíduo.” (2)

Fecho esta entrada com outro extracto do Programa do PSD, enunciando as suas diferenças:

“Um partido que é dialogante, aberto à pluralidade de opiniões”; “um partido que aposta no reconhecimento do mérito e na capacidade de afirmação pessoal e social, cada vez mais necessários numa sociedade onde cresce o espaço para a realização das capacidades individuais, e onde importa distinguir os talentos pessoais que são contributos para o bem comum e para o progresso do País.”

E mais nada!

Deixemo-nos da caça às bruxas e vamos lá ao que interessa...

(1) Adaptado do programa do PSD
(2) In Programa do PSD