2005-10-29

“Operação branqueamento”, diz Jerónimo!

Este comunista ortodoxo tem, no currículo, depois da frequência do curso industrial, ter trabalhado uns anitos como afinador de máquinas. Depois foi deputado da I à VI Legislatura e na XI. É também sindicalista (Sindicato dos Metalúrgicos de Lisboa). Ou seja, quem é que anda a branquear o quê. As pessoas esquecem-se de ser honestas. Quem é que tem pago o ordenado a este senhor? Não será o capitalismo que ataca?

Já agora, quantos renovadores ajudou a expulsar. Não critico o Socialismo enquanto ideologia. Terá, como muitas, as suas virtudes, mas a aplicação. Como se pode deduzir pela análise das realidades actuais (Cuba, Coreia do Norte e China, só para escolher as mais enigmáticas e terror chic!), assim como dos regimes que foram caindo. Fácil será perceber onde está o branqueamento.

Ah, esqueci-me que o camarada Jerónimo é um desistente... mas desta já disse que não! Vai até ao fim... seja lá o que isso for.

Também sobre a refrega Republicana pós natalícia, o Professor referiu que não era político profissional. Pois é, mas conta com muitos anos, desde Ministro das Finanças de Sá Carneiro até Primeiro-ministro. Não deveria ter entrado por este discurso, mesmo percebendo que o seu “segundo” mais directo adversário é um dependente da política. E o primeiro. Já agora, também o quarto. Parece que escapa o quinto! Escusava de ouvi o Só-Ares a perguntar-lhe pela reforma política que beneficia...

Eu sou contra os políticos profissionais, principalmente porque os políticos devem ter uma experiência profissional relevante e que dignifique os cargos que são chamados a desempenhar, chama-se a isso experiência. Com isso não digo que alguém não viva da política por algum tempo, mas se não tiverem “sustento” cá fora, qual é a garantia que temos que são isentos nas decisões que tomam! Alguém me responde a isto?

2005-10-28

Aprovados 50 novos campos de golfe no Algarve

As últimas chuvas iniciaram a recuperação das reservas hídricas da região, esperando que as chuvas continuem com carga suficiente para repor os níveis das barragens, barrancos e depósitos, para que no próximo Verão, a poupança de água já não seja no sentido de prevenir faltas, mas resultado da sensibilização para a utilização racional deste recurso que, embora abundante, tem períodos de falta.

Dito isto, parece-me que a economia regional, assente quase exclusivamente num produto – o turismo – deve procurar, cada vez mais, utilizar os recursos comuns, como a água, com racionalidade. Os campos de golfe consomem água. Naturalmente. Também um pomar consome. Os ambientalistas militantes (ou fundamentalistas) não se preocupam com estes gastos, mas, depois, talvez porque se trata de uma actividade rentável, tanto para a economia, como para os promotores, lançam críticas. A poupança de água é fundamental, não vejo os agricultores a serem pressionados a reduzir e racionalizar os consumos (a não ser em períodos de seca grave)!

Mas existem alternativas: desde a captação e armazenamento de água da chuva, até à dessalinização da água do mar. Encontre-se por isso um equilíbrio tecnologia/ natureza, para prevenir novas faltas de água.

O facto do turismo ligado ao golfe empregar pessoas em número superior à agricultura, aliada ao facto de trazer turistas (consumidores) é uma mais-valia, face à agricultura algo decadente, não por falta de apoios, de Direcções Regionais de Agricultura, de planificações, mas de visão. Pública e privada. Também por causa da política agrícola comum, dos subsídios mal geridos, mal aproveitados, mal gastos. Mas primeiro por falta de empresários. Cada vez mais se exige que os agricultores sejam “transformados” em empresários (ou empreendedores) agrícolas. Claro que existem deficiências no mercado, mas a falta de associativismo integrado e actuante, permite piorar o acesso ao mercado. Vejam, aqui ao lado, na Andaluzia, enfim…

Já agora, alguns pomares de laranja estão a ser substituídos por alfarrobeiras. Consomem muito menos água (muito menos, mesmo) e o preço de mercado é o dobro. Ora: PVP mais elevado, com custos mais reduzidos… façam as contas!

Por isso “plantem” os 50 campos de golfe. Se analisarmos a contribuição que dão à economia, certamente que não é necessário tecer mais considerações. Agricultura sim, mas orientada para o mercado. Mas isso é outro blogue…

2005-10-27

Outra na ferradura

A ser verdade o que escreve o Expresso aqui, começo a entender porque motivo ainda não houve nenhuma manifestação dos nossos Deputados e Autarcas junto à Assembleia da República?! Não é com exemplos destes que se consegue ganhar a confiança dos portugueses e o seu apoio para as políticas de contenção da despesa...
Uma no cravo

O Presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público disse hoje em declarações à comunicação social que espera que o Governo tire as devidas ilações sobre a adesão dos juizes à greve. Exmo. Sr. Presidente, tirou o Governo e tiraram todos os portugueses. Uma coisa é fazer oposição ao Governo, outra é fazer oposição ao país. Será que os Sindicatos que dizem trabalhar em defesa dos trabalhadores, não perceberam ainda que estão apenas a trabalhar em defesa dos direitos adquiridos e que sem sustentabilidade das políticas orçamentais não há país nem trabalhadores que resistam?
Cavaco muito perto de Belém, Manuel Alegre ultrapassa Soares

É sempre bom começar o dia com boas notícias, ainda que já fossem esperadas.

O que terá levado o Sócrates a tomar a iniciativa de elevar as expectativas em relação às eleições presidenciais quando se sabia que o Prof. Cavaco iria ganhar? É que ao apresentar um candidato como o Soares (o "pai" da democracia e um ex-presidente) não se admite outro resultado que não seja a vitória. O PS vai ter a segunda estrondosa derrota eleitoral consecutiva e auto-infligida!. É que se o Sócrates tivesse apoiado alguém como o Alegre, todos lhe desculpariam o mau resultado e ninguém poderia dizer que não tinha escolhido um bom candidato. Teoricamente, melhor do que Alegre só o Soares. Mas... pelos vistos o óptimo é inimigo do bom!

Nem parece que há poucos meses ganhou as legislativas com maioria absoluta.

O que vale é que isto é com a esquerda e vai passar como se nada fosse. Se fosse com a direita era limpinho que toda a gente, em especial a comunicação social, reclamasse a queda do Governo.

E já vi dissoluções da AR por muito menos...

2005-10-26

Função Pública:
Governo vai ter de negociar 30 mil rescisões


Pois é. Uma dica: e se limitasse as horas extraordinárias aos 25% do vencimento, como a lei prevê? E se procurassem gerir melhor os recursos?

As reestruturações que aí vêem são importantes, desde que apoiadas em critérios de produtividade. Não se trata de cortar a direito. Mas de perceber o que alguns burocratas têm feito. Assumindo os pequenos poderes, pervertendo os serviços de acordo com os seus interesses. Ah pois é!!!

Já agora, em relação ao Exército, que tal uma redução de efectivos. Que ideia foi essa de acabar com o SMO? Transformem o Exército (e as restantes Forças Armadas) em escolas. Entram mancebos e saem especialistas em várias profissões, em troca do seu serviço militar, mal compensado financeiramente, mas um grande investimento na educação!

Não bastou matarem o ensino profissional e técnico... agora queixam-se que um canalizador é caro, um electricista “impossível” de encontrar...

E acabem com uma parte dos 60% de trabalho que a função pública gera para si mesma, segundo estudos recentes. Racionalizem. Informatizem. Requalifiquem. Dinamizem. Motivem...
Portagens na Via do Infante

A propósito de um comment que deixei no nosso colega Al(maria)do, entendi promovê-lo à condição de post para lançar a dicussão também aqui no notaSoltas. Fala-se sobre a posição do PS/Algarve face à previsível eliminação do conceito SCUT:

"É assim, o PS Algarve inundou a região com uns cartazes muito claros em relação à sua posição face às portagens na Via do Infante nos tempos do último Governo. Não creio, à semelhança de Sócrates, que este políticos sejam daqueles que mudam de opinião apenas por passarem a ser poder! Isso seria como prometer não aumentar impostos e depois defraudar as expectativas.

Com o PS isso não acontece.

Escusamos de ficar descansados..."

Podem iniciar as hostilidades...

Esta não é a minha justiça...

Já só falta ouvirmos este desabafo ao Sr. Ministro da Justiça, fazendo analogia à sua anterior passagem pelo governo enquanto responsável pela pasta da Administração Interna. Lembram-se? "Esta não é a minha polícia", afirmou, num dos mais irresponsáveis actos de desautorização do poder de que há memória.

Agora, a propósito da greve de ontem e hoje, afirmou: "esta é uma greve injusta e irresponsável". Está quase lá.

É assim, vejo com alguma incompreensão que os magistrados aceitem fazer greve. Eles estão para a Justiça como os Deputados para o poder legislativo ou como os Ministros para o poder executivo. Afinal a Justiça é um dos três poderes em que baseamos o nosso regime democrático. E é um poder autónomo. O Governo não pode condicionar a sua actuação, não pode sequer nomear ou exonerar os juízes.

Os magistrados ao colocarem-se no papel de assalariados do Estado reduzem a sua própria condição de poder autónomo e subordinam-se voluntariamente a um papel inferior. É um facto que lhes está vedado definirem os seus vencimentos e regalias. Contudo, deve existir outra forma de resolver o assunto.

Mas, o Governo não pode nem deve ignorar a força de um protesto que, por exemplo no Algarve, chegou aos 98%! Isso tem que significar alguma coisa e tem que representar muito descontentamento. O Governo não pode ostracizar a Justiça nem descredibilizá-la. Se os magistrados, aparentemente, não estão a agir bem, o Governo está a agir muito pior!

2005-10-25

Ninguém aceitou o meu desafio de dia 20:

"Quem sabe o nome do Mandatário algarvio? Uma dica: é um homem de visão, dos maiores empreendedores do Algarve, se não o maior, desempenha a presidência de uma confederação nacional de empresários..."

A resposta já está na comunicação social:

“José António da Silva, empresário e presidente da CCP - Confederação do Comércio e Serviços de Portugal, será mandatário [do Professor Cavaco Silva] em Faro”
Título?

Cumprimento a comunidade da blogosfera neste regresso à vossa companhia na qualidade de postador, após a extinção do Laranja do Algarve, um blogue que até conseguiu antever o regresso de um líder partidário regional com um ano de antecedência!

Agradeço a hospedagem ao Jorge Lami e ao meu homónimo de apelido Toregão, com quem prometo labutar de forma ética, correcta e firme por um debate de ideias esclarecedor, motivante e aceso, para uma singela contribuição para uma blogosfera mais interessante.

Não tenho um "estatuto editorial" a cumprir nem um "livro de estilo", mas quem me conhece sabe bem o que esperar. Quem ainda não me conhece, terá oportunidade de partilhar alguma troca de ideias e ficar a conhecer um pouco.

Alea jacta est!
De novo os carros estacionados nos passeios

Definitivamente não se vislumbra uma mudança nos comportamentos das pessoas e das autoridades relativamente ao estacionamento cumpulsivo que se faz nos passeios de Faro. A ser verdade que o estacionamento do Largo do Mercado funciona com 20% da capacidade, que o da Pontinha tem apenas o primeiro piso a 80% (tem três) e que muitas vezes o do Largo de São Francisco se encontra a 60%, começa a ficar difícil de entender porque não actuam as autoridades em conformidade com a lei?!
Porque motivo não estão as pessoas dispostas a pagar para estacionar o carro nestes parques, e têm os cidadãos, idosos, crianças, carrinhos de bébe e tantos outros, de ser todos os dias violentados com custos evidentes para a mobilidade e qualidade de vida das pessoas?! Será que não foi ainda entendido que trazer o carro para dentro das cidades traz, entre outros, custos ambientais que se reflectem no dia à dia das populações? E há quem tenha o descaramento de apitar no passeio porque as pessoas não se desviam para o "carrinho" passar?! Haja decoro!
Faço também um apelo para que se comece a fazer e a implementar planeamento, com visão de longo prazo, nomeadamente ao nível do urbanismo, porque começa a ser inconcebível que nos dias de hoje seja possível continuar a construir prédios sem garagem, e com 3 amostras de árvore na sua frente.
Deixo aqui um artigo escrito em Dezembro de 2004 para o Magazine do Algarve com algumas propostas de medidas.
Os nossos passeios e os automóveis
A quantidade de automóveis que hoje em dia contornamos nos passeios das nossas cidades e outras povoações atingiu a meu ver o limite da razoabilidade. O estacionar das viaturas em cima do passeio deixou de ser algo com carácter de excepção, para ser um comportamento institucionalizado e aceite por todos, até pelas autoridades responsáveis pela manutenção da ordem pública, com a benevolência das autarquias. Esta questão, que é tão paradigmática da qualidade de vida dos cidadãos, não é, compreensivelmente, uma situação de fácil resolução, nem se reduz somente à falta de lugares de estacionamento. Estatísticas disponíveis dizem-nos que a taxa de motorização da nossa população (número de viaturas por habitante) está a aumentar mas não atingiu ainda a média europeia, o que poderá significar que não vamos ficar por aqui.

Uma rápida leitura feita sobre o investimento público português, e em especial das autarquias, em matérias relacionadas com a mobilidade, como por exemplo auto-estradas, alargamento de avenidas, parques de estacionamento, permite verificar que este anda a reboque dos acontecimentos, pelo que quando se acaba de fazer um estacionamento, já se deviam estar a fazer mais dois. No entanto o investimento feito nestas acessibilidades e no parqueamento também leva a que as pessoas sintam maior propensão em levar as suas viaturas para todo o lado, uma vez que se verifica uma melhoria das condições.

Estamos pois perante uma pescadinha de rabo na boca, o que significa que a solução não passa apenas pela construção de mais parques de estacionamento nos centros das cidades, mas também de parques de estacionamento dissuasores (na periferia), pela melhoria da qualidade de oferta em transporte público (com maior conforto e organização) e introdução de vias de trânsito reservado, introdução de portagens sobre o transporte individual (fazendo coincidir o custo médio sentido por cada viajante com o custo que a sua viagem provoca no sistema, investido as receitas dai provenientes no próprio sistema rodoviário) ao mesmo tempo que se penaliza o estacionamento no interior em detrimento dos situados à entrada das cidades, criando zonas só acessíveis a automóveis para residentes, divulgando programas de mobilidade junto de empresas e escolas, reforçando a segurança associada aos transportes públicos, e por aí fora. Um conjunto de soluções que são por demais conhecidas e estão identificadas por especialistas na matéria e que até é possível encontrar em muitos programas eleitorais, todavia com poucos resultados práticos.

Uma última palavra sobre este assunto para as pessoas e para uma mudança de atitude que é fundamental para que tudo isto se altere. A ideia de que hoje é possível ir de carro para todo o lado, como acontecia há uns anos atrás, e encontrar lugar à porta do nosso destino, é hoje mera utopia. Não só não é possível, como tem como consequência enormes custos ambientais. O nosso comodismo está a afectar a nossa qualidade de vida sem nos apercebermos, pois já nem conseguimos imaginar um passeio sem automóveis. Se todos contribuirmos talvez seja possível que num futuro próximo seja possível voltar a ver as crianças a brincar nos passeios em segurança.

2005-10-24

Voltei a rabiscar alguns textos para um livro que estou a escrever há alguns anos. Coloquei recentemente uma entrada (a verde) aqui no notaS. Refiro isto, pois não se trata de um comentário propriamente dito, mas de ficção, ou o que quiserem chamar. Não sei se alguma vez vou terminar. Se alguma vez o vou editar. Mas sei que vou continuar, pois nele tenho uma espécie de catarse. Liberto-me e prendo-me. Chama-se, para já e até aqui: Amor Radioactivo!

Aqui fica mais um texto:



Contextualizações sobre o fundo de um copo partido

São pequenas emoções, pedaços de nada que caem dentro do copo já vazio. Cheio da esperança que já não tenho. Olho com mais calma e reparo que está partido, estilhaçado no chão sujo onde estou. Mesmo assim, bebo, das esperanças, dos olhares, das vidas que nunca viverei, pensando nas que vivi. Esta é a realidade dos contextos. A saga da vida rodeada por velhos que me agoiram o passado, não me permitindo perceber que já não tenho futuro. Esse futuro que enterrei naquela garrafa que derrama sobre a sarjeta qualquer coisa que já terá sido vida, reflectindo agora a falta dela. Olho mais perto. Sangue. Cortei-me no copo. Cortei-me no lábio. Mas não é o meu sangue que escorre. Já não tenho um pingo dele no meu corpo. Já não sinto um pingo dela no meu corpo. Foi com a esperança. Reflicto tardiamente o que perdi, dos pequenos nadas a que não dei importância, dos laços de cor cada vez mais escuros e esfarrapados. Fico-me com tudo aquilo que tinha, mais aquilo que não terei. Fico sem saber se é a morte, agonia sem dor, que me persegue, se é a minha sombra, que cai, arrastando-me para baixo...

Preciso de acordar deste sonho sem dor, sem cor, desta falta de pudor, desta calçada fria que sinto esmagar o meu rosto, que comprime a minha vida no chão, em vão, na lama, por entre beatas mal fumadas e lixo da vida dos outros. Estou louco. Pedaços de esperança, bocados de alguma coisa, aguarela negra, pecados cinzentos de coisa nenhuma... mas permaneço agarrado à vida, não sei se por medo do que pode acontecer, se por raiva do que já não pode.

A razão dos bichos é mais forte que a dos homens. É pelo menos mais honesta, mais básica, também, mas acima de tudo, não fogem por fugir. Não dormem por dormir. Não matam por matar.

Percorro agora, neste fim anunciado, o caminho que me faz chegar aquele copo partido no chão. Aquele corpo partido. Afinal, o sangue é o teu, mais que meu. Desperdiçaste-te em mim, desperdicei-te sem mim. Vejo ainda reflexos do teu rosto. Daquele cancro que te levou. Daquela dor que uivou. Do caixão que carreguei, antes de dar comigo neste copo. Bem lá no fundo. Tenho que decidir agora se me levanto. Se tenho forças para viver o resto da minha existência a pensar no que poderia ter sido. O que teria sido?

Adormeço desesperadamente sem força. Fico caído até às primeiras horas do dia. Nem sei bem qual. De um qualquer. As pessoas passam por mim, preocupados nas suas vidas mesquinhas. Olham-me sujo no chão. Julgam-me. Julgam que o podem fazer. Já nada me importa. Alguém me estende a mão. Fria. Hesito. Mas vejo depois que a conheço. Recordo-me daquele toque. Não. Foi apenas a minha memória a pregar-me uma partida. Sei agora que estou de partida. Há sangue demais para voltar a trás. Fico para trás. Começo a deslizar pela rua, sinto ainda, antes da luz se apagar, o ruído surdo de uma ambulância, o rosto de alguém que me electrifica. Mas já não sinto. Felizmente a dor acabou, antes do último suspiro, ainda sinto uma réstia de luz que trespassa o vidro e me aquece a cara. Sorrio. Juro que ainda consegui ouvir o meu coração parar, aquele ruído que ensurdece cá dentro, que me reconforta. Texturas de uma vida. Contextos descontextualizados de uma ida. De uma ira.
Eu sou a favor das portagens nas auto-estradas portuguesas. Pelo menos nesta conjuntura de contenção e necessárias restrições orçamentais.

Não é pelo facto deste governo desdizer a sua acção enquanto oposição e na campanha, que altero a minha posição. Isto não significa que esteja de acordo com portagens na Via Infante. Porquê?

Primeiro porque só com muita graça é que alguém chama a esta moderada via rápida desse nome! Conheço milhares de quilómetros de auto-estradas, em Portugal e por essa Europa fora. Esta não é uma! Por esse motivo, se alguém chamar auto-estrada à Via Infante nunca deve ter andado numa, ou está a tentar iniciar uma carreira em stand-up Comedy!?!?!

Segundo, porque não existem alternativas funcionais, designadamente em “certas e determinadas” alturas do ano. É um facto.

Também porque estes eixos devem ser sustentados em parte por quem deles beneficia mais directamente. Porque motivo um determinado habitante tem que "co-"financiar com os seus impostos uma estrada que não utiliza no seu quotidiano? Bem sei que existem serviços públicos que não utilizamos e ajudamos a pagar. Mas pelo menos que paguem a conservação...

É claro que se formos a Espanha, uma parte considerável, se não esmagadora, não tem portagens. Mas se formos a Itália, até dói! Enfim, são culturas e opções políticas. Por cá, fomos gastando o que tínhamos e o que não tínhamos, por esse motivo, aqueles que utilizam os serviços, que paguem um pouco mais... não será isto justiça?

Por fim, gostava de ter acesso ao estudo que diz que é sustentável (i.e. rentável) colocar portagens em todas as saídas (e entradas)... é de doidos!

Só por curiosidade, pago cerca de 60 Euros (Classe II) para ir e vir à Capital do meu País - são 526 Km de auto-estrada -. Se por outro lado me deslocar à Capital espanhola, via Sevilha/ Córdova, pago cerca de 15 Euros - são 1048 Km em auto-estradas!?!? Mas tenho uma opção sem custos, via Sevilha/ Badajoz...

2005-10-21

Inquietante

Chamava a atenção para o artigo de Pedro Adão e Silva no Diário Económico. Num momento particularmente difícil da vida portuguesa, apesar de ser da opinião que ainda ninguém nos disse realmente a verdade, também não posso deixar de concordar que muitos de nós não estão interessados em conhece-la.

O actual governo tem pela frente uma enorme tarefa, mas para a levar a cabo terá de encontrar os parceiros sociais adequados, negociar as medidas em nome do interesse nacional e com eles realizar as reformas necessárias. Ninguém faz reformas sem contestação e de forma arbitrária, e tratando-se de medidas altamente impopulares, que os governos nem sempre estão dispostos a tomar, seria de todo positivo que os interesses da nação se sobrepusessem aos interesses corporativos, e que sindicatos e dirigentes patronais mostrassem um pouco de boa vontade, de visão e de maturidade.

Por muito que se discuta a eficácia de algumas das políticas que o governo pretende levar a cabo, e embora concorde que o orçamento de estado apresentado é pouco rígido quanto à contenção da despesa corrente, é inegável que não podemos continuar a ter um Estado que consome metade do que o país é capaz de produzir, nem sempre com os melhores resultados, e que sem crescimento da economia não pode haver uma melhor distribuição da riqueza. Somos um dos países da União Europeia com menor taxa de produtividade, não porque não sejamos tão capazes quanto os outros, mas porque temos uma cultura pouco virada para o trabalho e para a realização.
Sintomático é o facto de na administração pública não haver quase nunca uma gestão por objectivos e de haver a sensação de que ninguém controla ou fiscaliza o trabalho de ninguém.
Enquanto a Qualidade não fizer parte do léxico da administração pública temo que nada mudará, a não ser o rosto dos nossos governantes.

2005-10-20

Uma espécie de vida

Uma espécie em extinção, uma espécie de ilusão. Estas são as nossas perspectivas sobre o que fazemos, onde vivemos, os amigos, ou outros, aqueles, os que passam ao lado. São laços de sangue que escorrem pela memória, que apenas guarda a pena que temos da falta de coragem de partir. Ou chegar. Avanços de uma vida cheia de nada. Nada!

Tudo é mais importante do que aquilo em que acreditamos. Estamos fartos. Sentimos os sonhos dos outros, projecções corrompidas num quadrado de plástico. Quadro naif daquilo que escolhemos acreditar.

Renovam-se laços partidos, perdidos no tempo e no espaço. Recorrem-se a forças que não existem para justificar aquilo que temos medo de perceber. Fico dentro de mim, dentro daquilo que não quero dizer, talvez por medo. Sofro com atenção, para não deixar de sentir a dor que me serve de catarse. Dói sempre, algumas vezes menos, depende. Ofendo-me. Defendo-me assim.

Solto-me depressa. Levo por isso uma eternidade. Violo-me com medo de gritar. Sinto cair. Levanto-me. Lavo-me. Limpo-me de toda a sujidade que carrego comigo. Sempre.


Caminho para o fim. Por fim.
Infelizmente só agora cheguei a casa. Não tive, assim, oportunidade de assistir ao directo do próximo Presidente da República...

Quem sabe o nome do Mandatário algarvio? Uma dica: é um homem de visão, dos maiores empreendedores do Algarve, se não o maior, desempenha a presidência de uma confederação nacional de empresários...

2005-10-19

Estou a verificar as várias opções para uma Internet mais rápida. Até agora, utilizo o IOL (a versão de “borla”). Mas os 40 Kbps que normalmente “apanho”, não são satisfatórios.

A opção com mais “pontos” é a Vodafone Mobile Connect Card 3G.

Agradeço opiniões, recomendações e sugestões.

2005-10-18


Esta foto foi tirada numa viagem que fiz recentemente a Santander. Dirijo-a aos responsáveis do turismo, mas muito especialmente aos autarcas.

Esta cidade turística aproveita e dá condições aos que a escolhem. É o que se chama infra-estruturas.

Aqui, os veraneantes podem lavar os pés com comodidade. Em todas as entradas/ saídas das praias.

2005-10-14

Escrito enquanto esperava que chegasse a minha vez na DGV! Não chegou! Se calhar por isso está um pouco azedo…

Depois de uma troca de comentários e mails com o meu companheiro FV, ficando mais ou menos arrumado um dos assuntos, apetece-me continuar a reflexão sobre a necessidade dos partidos constituírem gabinetes de estudos.

Estes gabinetes, como agora existem, concordo que não servem os partidos. Pessoalmente tenho uma concepção do que estes espaços deveriam ser. Estas estruturas deveriam servir dois objectivos concomitantes. Por um lado, serem integrados por pessoas com perfis técnicos, científicos, interventores variados na vida associativa, empresarial, pública, enfim, representantes da sociedade. Pessoas, por isso, com experiência, com ideias e abertas, capazes de debater documentos, projectos e gerar massa crítica. Juntamente com estas, deveriam ser escolhidos alguns jovens, de preferência fora das jotas. Jovens que quisessem aprender e crescer. Refiro-me principalmente a estudantes na casa dos “vinte”. Os próximos quadros políticos. No fundo, uma escola, uma míni-academia. As jotas não estão preparadas psicologicamente para formar pessoas, pois habituaram-se a formar grupos. Com isto não digo que não podem desempenhar um papel importante na vida dos partidos (e na sociedade em geral), apenas que não o fazem por regra. Falta de paixão, de experiência mas, acima de tudo, de oportunidade. Que também não sabem ou não querem criar.

Quando me refiro aos gabinetes de estudo, não me contenho à habitual imagem, mais ou menos institucionalizada. Refiro-me a um espaço dinâmico e mais aberto, também para aqueles que não querem fazer parte dos órgãos eleitos, i.e., dos jogos de poder, de bastidores, enfim, da perversão senatorial a que estamos acostumados. Sim, porque mesmo em estruturas estatutariamente democráticas como são os partidos, todos sabemos que está confinada aos grupos. Controlados pelos chefes de militantes, barões, caciques e caixas-de-ressonância.

O afastamento que a população manifesta pela política (e especialmente pelos políticos), está muito relacionado com os períodos de crise, de ineficiência, mas também da abertura da sociedade, dos discursos alinhados, das promessas mal (ou não) cumpridas, da distância de casa ao emprego, do carro do vizinho, do chefe... São muitos factores.

Nos partidos, poucas são as alternativas para quem apenas quer trabalhar (e também discutir, partilhar, criticar… pensar!). Quando se acerta no “cavalo”, está-se na corrida, quando se falha, entra-se no deserto…

Naturalmente que para os caciques dos partidos (realidade local, regional e nacional, embora muito mais local), as pessoas novas são uma ameaça ao seu próprio espaço. À dinâmica que levaram tanto tempo a criar. O mais frustrante disto é que depois usam os partidos como clubes recreativos, ou seja, não desenvolvem trabalho político continuado e consistente. Enfim, têm o bar, as mesas para umas cartadas e aquelas reuniões semanais que os tiram da novela a que são obrigados a engolir todos os dias. E nós a levar com “estes” políticos.

Mas existem pelo meio bons políticos. Pessoas que já conseguiram demonstrar que fazem falta. Até para credibilizar as listas (internas e externas). Esses são a reserva.

Lanço aqui o meu apelo a todos os que enfiaram a carapuça (esses provavelmente não chegaram a este ponto do texto, pois deram um grande bocejo e foram para outro lado (aqui, talvez!): voltem para a novela, quando se sentirem com muita vontade de jogar às cartas, inscrevam-se num clube mais perto de casa!

Isto é um pouco amargo, bem sei, mas que raio, já começa a fartar!

Comentários aqui em baixo que este blog aceita todo o tipo de opiniões. E sem censura (até porque não sei como se retiram comentários… mas enfim, o que conta é a atitude!)

2005-10-12


Por questões técnicas (informáticas), ontem não me foi possível fazer entradas no notaS, aqui ficam:


Soares com cinco queixas por desrespeito à lei eleitoral


Os dirigentes do Partido Socialista, segundo sondagens entretanto publicadas, devem sentir um sério arrependimento por terem preterido o Deputado-poeta em favor do seu Presidente honorário e omnipresente (também omnipotente e quase omnisciente). Pelos vistos, relativamente à população estudada, contra o Professor, Alegre consegue mais votos que Soares. Incrível?!

O Dr. Mário Soares é sem dúvida uma personagem! Não deixo de me sentir chocado quando assisto a um candidato presidencial, ex-governante e ex-Presidente da República, que com os meus impostos, muito miseravelmente é certo, ajudo a pagar (a sua reforma e a candidatura), a desrespeitar o sistema democrático ao apoiar candidatos, violando, segundo este artigo, de forma criminosa a Lei Eleitoral. Esta postura desprestigia um candidato!


Governar é, também, ter ideias simples

Hoje estou particularmente satisfeito com o PS. Esta medida que foi apresentada para recuperar com aulas extra os alunos com piores notas é uma política simples, previsivelmente com bons resultados futuros e que em 31 anos de Governação (PCP, PS, PSD e CDS-PP integraram governos) ninguém pensou.


Faça-se justiça

Em relação ao erro que a TV Cabo cometeu comigo, como relatei aqui no Blog no outro dia, resolveram prontamente a situação e ofereceram-me a mensalidade do mês em causa. Não se deve só falar mal. Fica feita a justiça.

2005-10-10

Embora o PSD tenha vencido as eleições no Algarve, é necessário retirar consequências na derrota em Faro (que mancha esta vitória). Tipicamente, os recandidatos (a segundo mandato) vencem eleições, neste caso existem responsabilidades a sacar. Mas não apenas ao cabeça de lista. Também à Concelhia, à Distrital e até à Nacional... para não falar de barões locais... ainda que os 200 votos do PH não tivessem feito a diferença, mas alguns foram encaminhados para o PS. Porquê? Será preciso ser mais claro!

Vila Real de Santo António foi a consolidação de um resultado da aposta clara da anterior distrital, que agora deu frutos.

2005-10-07

Os "intelectuais" e o país

Refiro em ar de graça (mas muito a sério) umas declarações que considero de relevo do Eng. Ludgero Marques sobre os “intelectuais” que são responsáveis pelas políticas de desenvolvimento, de formação e ensino (algo parecido).

De facto, o país político gira em torno dos serviços públicos, das universidades, especialistas, peritos e assessores, que estão nos seus gabinetes e a grande maioria nunca investiu um euro numa actividade empreendedora e geradora de receita para a fazenda pública. Os que pagam estes serviços, estas universidades e estes “pensadores” cada vez mais se preocupam com o destino dado aos seus impostos.

Portugal tem muitos políticos, bons e maus. Mas o país precisa de mais empreendedores, de empresários profissionais e criativos, empresas modernas, com recursos humanos formados e competentes, que estejam no mercado para fazer dinheiro, mas também para desenvolver as empresas e os mercados e com isso o país! Claro que temos tantos maus políticos como maus empresários. Mas uns são eleitos, outros não! Esta diferença é fundamental. Embora sejam ambos potenciais motores de desenvolvimento.

Para quando a concertação entre ambos.
À Porta de Belém

O Dr. Paulo Portas está a equacionar uma candidatura a Belém. Até aqui já todos percebemos. Não estou certo que avance. Primeiro por retirar ao Prof. Cavaco Silva a vitória logo na primeira volta. O que o preocupa não é tanto o Sr. Professor, mas uma eventual penalização que poderia resultar sobre o seu futuro político, caso, numa segunda volta, com a esquerda mobilizada em torno de um só candidato, poderia “entregar” Belém à esquerda. Isso teria custos significativos na sua credibilidade junto do seu eleitorado, tradicionalmente mais conservador.

Penso que ele sabe que ainda não é a altura de aparecer. Saiu de um governo demissionário há bem pouco tempo. Muito pouco tempo.

Em relação ao Professor, tem condições para desempenhar uma presidência actuante. Com ele, Belém será certamente diferente. Pelo seu perfil técnico, espera-se alguém com uma sensibilidade e profundidade nos assuntos económicos, ideais numa altura de crise. Não será oposição ao governo, mas também não lhe vai dar rédea solta. Vai exercer o cargo.

Uma garantia que já deu, mesmo antes de avançar com a candidatura, foi a sua oposição à OTA e ao TGV.

Este país tem um grande parque zoológico cheio de Elefantes Brancos, espero sinceramente que estes não venham engrossar a “manada”! O problema não reside no facto de empenharmos o país, mas nas dúvidas generalizadas do sector que paga (i.e. os empresários) de que trará benefícios ao país, face aos custos envolvidos.

2005-10-02

Cabo dos trabalhos

A TV Cabo tem os seus tiques de oligopolista (ou monopolista imperfeita, se quiserem)!

Há uns tempos (não sei precisar, mas há mais de um ano), levaram-me a caixa para reparação (tinha perto de três anos e sempre funcionou com problemas), entreguei uma caução. Perguntei em que condições seria devolvida e a resposta foi no mínimo estranha: Não seria devolvida! Questionei os técnicos o motivo, pois por definição, a caução é uma garantia, não um pagamento. Enfim, como não queria ficar sem televisão, paguei. Em troca, deram-me uma “box”, das novas... ainda hoje a tenho, sem mais explicações.

Depois de algumas trapalhadas, como receber um telefonema em como tinha a mensalidade atrasada, inclusive o netcabo... por acaso tenho serviço digital (parabólica, pois por alguns metros, a TV Cabo não disponibiliza o serviço por cabo...), pelo que não era comigo, mas outro cliente. A assistente na Loja da TV Cabo disse para não ligar. Seria um erro “deles”.

Uns tempos antes foi o canal Disney. Não pedi, activaram e cobraram. Recusei o pagamento. Resolveram a situação.

Agora, terei de ligar para lá e perguntar porque motivo me activaram alguns canais “extra” e cobraram na mensalidade deste mês?!?! Naturalmente que não irei pagar. Pois não pedi o serviço. Mas o que me chateia mais é ter a TV Cabo para ver quatro canais, entre eles a SIC Notícias e o Lusomundo Premium. Mas enfim...
Tenho tido alguns problemas com a TV Cabo, até à data sempre resolvidos favoravelmente para mim, mas fica o mau serviço, o péssimo atendimento e a noção de uma desorganização de pequena empresa de esquina. Não de um grupo como a PT!